Depois de ter perguntado pelo engraxador em cafés de Bragança e Santana Maria da Feira, foi no tradicional contacto com a população na Avenida da Igreja, em Lisboa, que o líder social-democrata encontrou o senhor Joaquim, há 16 anos neste negócio, e conseguiu tratar do assunto.
“O senhor tem nome de saber umas coisas de finanças”, gracejou Rui Rio enquanto o homem passava graxa, numa referência ao porta-voz do partido para as finanças públicas, Joaquim Sarmento.
Apesar de o PSD assumir que esta campanha primou por ser diferente das demais e do habitual, há certas tradições que têm de ser mantidas.
“Uma campanha eleitoral inteira e eu não engraxei o sapatos, que é uma coisa que todos fazem”, assinalou Rio, notando que “não faz nenhuma revolução” e, por isso, este episódio “foi ajustado”.
Notando que engraxar sapatos na rua ou nos cafés “é uma coisa típica”, Rui Rio lamentou que esta seja “uma atividade que está a desaparecer”. Por isso, “é preciso dar apoio”, advogou.
A ocasião permitiu também recordar uma história na qual a personagem principal foi o antigo primeiro-ministro Sá Carneiro, pela voz da histórica militante social-democrata Virgínia Estorninho.
A deputada municipal contou que, numa ocasião, havia tantos engraxadores que "ele teve dificuldade em escolher qual o senhor que lhe ia engraxar os sapatos” e, por isso, dividiu as tarefas por cada um deles.
Um pouco mais à frente, na esplanada de um café, um homem lia o semanário Expresso, que traz na capa uma sondagem que dá a vitória ao PS no domingo (com 38% dos votos), seguido do PSD (28%), BE (10%), CDU (7%), CDS-PP (5%) e PAN (3%).
O homem disse-lhe que acreditava naqueles resultados, mas Rio discordou, antecipando melhores resultados para PSD e CDS-PP e piores para o PS e PAN.
Antes de descer a Avenida da Igreja, a “caravana laranja” visitou o mercado de Alvalade, onde Rio confessou que já nem se lembrava que esta era a primeira ação deste tipo no período de campanha oficial: “Vou ter de ir ver às atas”.
Apesar de já passar das 11:00, o líder do PSD encontrou ainda muitos vendedores, mas pouco compradores e, na banca da fruta, deixou um desejo.
“Espero não ficar com um melão no próximo domingo”, gracejou.
Sempre acompanhado da cabeça de lista Filipa Roseta, o líder do PSD foi cumprimentando alguns dos vendedores, que recebiam os lápis – os únicos brindes de campanha do partido, que o próprio Rio vai admitindo que “não são grande coisa” -, e foi elogiando os produtos, sobretudo as frutas e hortaliças “que fazem muito bem à saúde”.
Ainda parou numa banca de roupa a ver se “comprava qualquer coisa”, mas entre cuecas e meias acabou por seguir em frente.
Na peixaria, confessou não perceber muito de peixe, e avançou com cuidado “porque a senhora estava de faca na mão”, mas acabou por receber palavras simpáticas.
“Desta vez avançamos ou não avançamos? A gente tem de avançar um bocadinho, não podemos dar aos outros aquilo que eles querem, tudo”, defendeu a vendedora.
Se alguns dos poucos compradores desejaram “sorte” e “força” a Rui Rio também cumprimentou uma senhora que, apesar de lhe desejar “uma boa campanha”, admitiu que ainda não sabia se ia votar nele, mas assegurou que também não “era da esquerda”.
Em 2015, a coligação PSD/CDS-PP elegeu 18 dos 47 deputados escolhidos pelo círculo de Lisboa (que este ano ganhou mais um), 13 dos quais são sociais-democratas.
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