Em declarações aos jornalistas, na sede nacional do BE, em Lisboa, Pedro Filipe Soares, líder parlamentar e membro da direção do partido, afirmou que os bloquistas não vão apresentar uma moção de rejeição de um programa do Governo do PS, que perdeu a maioria absoluta no domingo, nem votarão ao lado da direita para chumbar uma moção desse tipo.

“Sabemos que aos nossos votos têm de ser somados mais votos para garantir que esse caminho é feito, mas não nos compete a nós a construção desse caminho, compete ao PS como partido mais votado construir as pontes para esse caminho”, afirmou, numa referência implícita a acordos pontuais com os socialistas, “medida a medida, proposta a proposta, orçamento a orçamento”.

O dirigente bloquista defendeu que é preciso o PS “tirar as consequências devidas” dos resultados, ou seja, do “descontentamento”, que “decorreu das condições económicas e sociais dos açorianos e açorianas”.

“Aprendendo com isso, o BE, medida a medida, proposta a proposta, orçamento a orçamento, iremos analisar”, afirmou, sublinhando que “tem de ser sempre com uma geometria parlamentar que alcance uma maioria”.

“Não está só nas nossas mãos”, concluiu.

O líder parlamentar do BE recusou uma “leitura nacional” direta das regionais, mas fez um alerta que é necessária “uma mudança de política”, porque isso foi “pedido nas urnas”.

“Estas eleições são açorianas, refletem a escolha dos açorianos. Sempre que há descontentamento com pobreza, com a exclusão social, quem está no poder perde com esse descontentamento porque não está a responder às pessoas e muitas vezes perde para o aumento da extrema-direita”, disse ainda.

Nas eleições regionais de domingo, o BE manteve os dois deputados que tinha e obteve o seu “melhor resultado de sempre”, em número de votos e em percentagem, nas palavras de Pedro Filipe Soares.

De acordo com os resultados provisórios divulgados pela Direção Regional de Organização e Administração Pública (DROAP), o PS ganhou as legislativas regionais, mas perdeu a maioria absoluta no parlamento da região, ao alcançar 39,13% (40.701 votos) e 25 deputados.

O PSD, com 33,74% (35.091 votos), garantiu 21 mandatos, seguido pelo CDS-PP com 5,51% (5.734 votos), que elegeu três deputados, além de um parlamentar em coligação com PPM (com 115) votos.

O Chega, que concorreu pela primeira vez às regionais dos Açores, teve 5,06% (5.260 votos), elegeu dois deputados, tal como o BE, que alcançou 3,81% (3.962 votos).

O PPM obteve 2,34% (2.431 votos) e elegeu um deputado, além de um outro eleito em coligação com o CDS-PP.

A Iniciativa Liberal, que também concorreu pela primeira vez à Assembleia Legislativa dos Açores, conseguiu 1,93% (2.012 votos) e elegeu um deputado, assim como o PAN que teve percentagem idêntica e apenas menos oito votos.