Em entrevista à agência Lusa a propósito das eleições regionais de 25 de outubro, o socialista diz que o partido se apresenta em 2020 ao eleitorado como "cumpridor, defensor dos Açores e dos açorianos" e apresentando um "conjunto de indicadores que dão nota de um trajeto positivo que a região fez ao longo do tempo".
No Produto Interno Bruto (PIB), em oito anos, desde que foi eleito presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro defende que "houve a possibilidade de implementar medidas que ajudaram a que pela primeira vez se ultrapassasse a fasquia dos 4 mil milhões de euros de riqueza produzida".
Já no que se refere ao desemprego, o chefe dos socialistas açorianos lembra que, "no primeiro trimestre de 2014, os Açores tinham uma taxa de desemprego de 18%", enquanto no segundo trimestre deste ano o indicador situava-se nos 4,9%.
A nível de cuidados de saúde, há mais profissionais em serviço na região e avanços no número de consultas e cirurgias, ao passo que, na educação, Vasco Cordeiro destaca a taxa de abandono escolar precoce, respeitante a jovens entre os 18 e os 24 anos que deixaram de estudar sem completar o ensino secundário.
"Aí, há uma redução muito significativa. É certo que temos ainda a taxa mais alta do país", reconhece, mas entre 2012 e 2019 a região foi a que "mais recuperou nesse indicador", que nos Açores passou de 34,1% para 27% naquele período, segundo dados do INE.
E prosseguiu: "Precisamos de fazer mais e porventura melhor em algumas áreas".
Contudo, e enquanto houver um açoriano desempregado ou à espera de consulta há ainda que trabalhar.
"Não nos apresentamos nestas eleições à sombra destes resultados. Se esses resultados têm alguma utilidade é num duplo sentido: primeiro, um resultado para os açorianos. E segundo um resultado para nós próprios: se já conseguimos fazer isso, conseguimos fazer o resto. A realidade não é estática, vão sempre surgindo novos incentivos. Mas isto é um poderoso incentivo para que prossigamos esse trabalho", disse à Lusa.
Questionado sobre se um eventual descontentamento de algum eleitorado pode trazer votos para forças políticas mais radicais, Vasco Cordeiro reconhece que tal "é possível", mas lança um apelo aos partidos mais moderados: "Acho que é responsabilidade de todos, especialmente de partidos que têm posições mais moderadas e consentâneas com o nosso modo de vida em sociedade, refletirem um bocadinho. Não vale a pena diabolizar ninguém".
Sobre a transportadora aérea açoriana, Vasco Cordeiro lamenta que alguns transformem o "bater na SATA" num "desporto regional", e também aí há dados, nomeadamente a nível de passageiros desembarcados, que atestam do papel "absolutamente essencial" da companhia.
"Está tudo bem? Não, não está. Há ilhas onde percebemos que é necessário fazer ainda mais trabalho de forma a permitir que, seja no transporte de carga ou de passageiros, se alcance melhor um ponto de equilíbrio ótimo entre as necessidades e a capacidade da empresa", reconhece, todavia.
Sobre os recorrentes prejuízos da SATA, Vasco Cordeiro enquadra-os na "realidade a nível europeu" e mundial do setor, mesmo antes da pandemia de covid-19.
"Todas as companhias aéreas do mundo estão confrontadas com essa situação, ou então não haveria dezenas e dezenas que tivessem falido", disse.
E questiona: "Há dúvidas de que o crescimento de passageiros [desembarcados nos Açores], mesmo no mercado nacional, teria sido o mesmo que é sem a SATA?".
Durante o primeiro pico da pandemia, a TAP continuou a operar para a região, ao contrário do desejado pelo Governo dos Açores.
Aí, reconhece Vasco Cordeiro, houve uma divergência no relacionamento com o Governo da República, liderado por António Costa (PS), mas o "histórico do relacionamento é claramente positivo".
"Este Governo da República fez uma coisa que não tenho memória", disse o presidente do PS/Açores, referindo-se à reação "pronta" do executivo nacional de assumir "claramente 85% dos custos de recuperação dos estragos" na região causados pela passagem do furacão Lorenzo em outubro de 2019.
No sufrágio de 25 de outubro, Vasco Cordeiro é o cabeça de lista pelos círculos de São Miguel e compensação.
Nas eleições regionais açorianas existem nove círculos eleitorais, um por cada ilha, mais um círculo regional de compensação que reúne os votos que não foram aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.
Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).
O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.
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