“Do ponto vista do quadro parlamentar que hoje existe, posso garantir-vos humildemente a minha total disponibilidade para o diálogo, para a concertação, e não haverá nenhuma declaração unilateral sem antes interpretarmos a vontade do povo”, declarou José Manuel Bolieiro.
O líder social-democrata açoriano falava na sede do partido em Ponta Delgada, após terem sido conhecidos os resultados das regionais, que ditaram a perda de maioria absoluta do PS.
À porta da sede do PSD/Açores, juntaram-se dezenas de apoiantes social-democratas, que agitaram bandeiras do partido e da região e entoaram o nome do líder.
Questionado sobre uma possível coligação à direita para poder governar (que teria de incluir CDS, Chega, Iniciativa Liberal e PPM), José Manuel Bolieiro frisou que não se comove por “atitudes extremistas”.
“Devo afirmar hoje, como sempre, que atitudes extremistas e populistas não me comovem, nem creio que interessam aos açorianos, mas também acho que os açorianos já deram provas, e os seus representantes, de que não são extremistas nem populistas”, afirmou.
O líder do PSD/Açores salientou que a nova composição parlamentar é “tão polivalente que pode admitir tudo” e frisou que é o “parlamento que determina a formação do governo”.
“Reafirmo a minha total disponibilidade para assumir responsabilidades, mas nunca através de uma declaração unilateral, sempre com humildade, e disponível para o diálogo e para a concertação que interprete bem a vontade do povo”, apontou.
Bolieiro disse que, face aos resultados eleitorais, a democracia açoriana “vive hoje uma noite histórica na autonomia”.
Entretanto, no Porto, o presidente do PSD, Rui Rio, rejeitou intrometer-se nas decisões da estrutura regional dos Açores, mas admitiu que, tendo em conta o fracionamento da direita, “não é fácil conseguir juntar todos os partidos” numa maioria.
O PS perdeu no domingo a maioria absoluta nas eleições regionais dos Açores, só tendo conseguido eleger 25 deputados do total de 57 parlamentares da Assembleia Legislativa Regional.
O PS governa a região desde 1996, mas apenas nas eleições realizadas em 2000 obteve maioria absoluta, renovada nos escrutínios de 2004, 2008, 2012 e ainda em 2016, ano em que obteve 30 mandatos.
Para alcançar a maioria absoluta o PS teria de ter pelo menos 29 dos 57 deputados do parlamento açoriano.
De acordo com os resultados provisórios divulgados pela Direção Regional de Organização e Administração Pública (DROAP), o PS ganhou as legislativas regionais, ao alcançar 39,13% (40.701 votos).
O PSD, com 33,74% (35.091 votos), garantiu 21 mandatos, seguido pelo CDS-PP com 5,51% (5.734 votos), que elegeu três deputados, além de um parlamentar em coligação com o PPM.
O Chega, que concorreu pela primeira vez às regionais dos Açores, teve 5,06% (5.260 votos), elegeu dois deputados, tal como o BE, que alcançou 3,81% (3.962 votos).
O PPM obteve 2,34% (2.431 votos) e elegeu um deputado, além de um outro eleito em coligação com o CDS-PP.
A Iniciativa Liberal, que também concorreu pela primeira vez à Assembleia Legislativa dos Açores, conseguiu 1,93% (2.012 votos) e elegeu um deputado, assim como o PAN, que teve percentagem idêntica e apenas menos oito votos.
A coligação PCP/PEV, que tinha eleito um deputado há quatro anos, não conquistou nenhum mandato, tendo obtido 1,68% (1.745 votos).
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