A campanha do PAN arrancou a sul do Tejo, mas o seu porta-voz, André Silva, considerou que o partido tem "sido cada vez mais reconhecido pela população portuguesa, seja no interior ou no litoral".
O dia começou com o PAN em Sines para falar de transporte de animais vivos, abordou o olival intensivo em Santiago do Cacém, visitou o projeto de conservação da Liga para a Proteção da Natureza em Castro Verde, no distrito de Beja, e terminou com uma ação de rua em Castro Verde, onde André Silva foi distribuindo panfletos junto da população.
"Esta é uma zona mais deprimida, com menos pessoas para contactar do que no litoral, mas é importante chegarmos a estas pessoas", vincou.
E, passados quatro anos, o processo também ficou mais facilitado para o PAN, notou, considerando que na última campanha o ambiente e as alterações climáticas eram um tema "que não estava nem na agenda social nem na agenda política".
"Hoje são cada vez mais as pessoas de todas as faixas etárias que têm essa sensibilidade, essa preocupação e que reconhecem no PAN esta causa", vincou.
Nas ruas de Castro Verde, André Silva encontrou acima de tudo uma população envelhecida, mas que lhe foi deixando algumas palavras de apoio.
Dentro de um café, Maria Amélia Colaço, de 72 anos, disse ao cabeça de lista do PAN por Lisboa que gostava do que o PAN tem feito, revelando que já tem o seu voto decidido.
A André Silva não disse a quem votava, mas aos jornalistas a habitante de Castro Verde disse que vai votar no PAN, que há que fazer "alguma coisa pelos animais, pela natureza, pelo planeta".
"Não é por mim, é pelos meus netos", vincou, considerando que é no Alentejo que se sente na pele os efeitos das alterações climáticas, nomeadamente com o agravar da falta de chuva.
Já na Herdade do Vale do Gonçalinho, espaço da Liga para a Proteção da Natureza, Rita Alcazar, coordenadora da entidade em Castro Verde, vincava, em resposta a André Silva, que as alterações climáticas entraram depressa na agenda "porque as pessoas sentem-na", queixando-se também da falta de chuva, o que obriga a associação a criar bebedouros artificiais para as abetardas, uma das muitas aves que procuram conservar nesta região.
Antes, André Silva alertou para as condições de transporte de animais, no arranque da campanha, no Porto de Sines, no distrito de Setúbal.
O cabeça de lista do PAN por Lisboa defendeu que é necessário uma maior fiscalização no transporte de animais, melhores condições (nomeadamente a presença de veterinários nas embarcações) e o cumprimento de uma diretiva europeia que refere que os transportes de animais vivos não devem ser superiores a oito horas.
Nesse âmbito, o porta-voz do PAN considerou ainda que a Direção Geral de Alimentação e Veterinária não deve estar "debaixo do guarda-chuva do Ministério da Agricultura", que protege produtores, considerando que a presença nesta tutela representa "um conflito de interesses".
O cabeça de lista por Lisboa, que esteve acompanhado também pela cabeça de lista por Setúbal, Cristina Rodrigues, vincou que "não faz sentido" que os produtores de carne em Portugal recebam apoios do Estado e da União Europeia - que serviriam para reduzir o preço da carne para os cidadãos - para depois terem vantagens na exportação.
Se relativamente à exploração e transporte de animais, o PAN defende que o desenvolvimento económico "não deve ser feito a qualquer custo", o mesmo se aplica a outras áreas, nomeadamente a agricultura.
Depois de Sines, seguiu-se uma curta paragem num olival intensivo em Santiago do Cacém, onde André Silva quis chamar a atenção para a exploração intensiva, que é feita "à custa da depredação de recursos, nomeadamente solos e água", quando Portugal já excede a autossuficiência alimentar neste campo.
Para além de um uso "pouco responsável e eficiente" da água, o porta-voz do PAN chamou ainda a atenção para o potencial de exploração de trabalhadores na agricultura, seja no olival intensivo presente no Alentejo, seja nas estufas que proliferam na Costa Vicentina.
Sustentando-se nas conclusões do Observatório de Tráfico de Seres Humanos, André Silva vincou que é "preciso aumentar os meios de fiscalização e controlo" em explorações agrícolas.
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