"Muito claramente, eu sou contra a redução que se fez das propinas. Não acho que faça sentido nenhum a partir do dia 6 de outubro", quando se disputam as eleições legislativas, afirmou Rui Rio, numa conversa que juntou representantes dos alunos das instituições de ensino superior do Porto, que decorreu no Polo Zero da Federação Académica do Porto.
Na ótica do líder social-democrata, esta "foi uma medida eleitoralista, sem sentido nenhum", e foi posta em prática com o objetivo de "a denominada ‘geringonça’ conseguir votos de esquerda" para domingo.
"A partir de 6 de outubro nem sei se o próprio Partido Socialista gostará muito disto", sustentou.
Assim, Rio defendeu que "nunca se deveria ter diminuído" a propina e, pelo contrário, "deveria subir".
"Agora não me pergunte se vão de um chuto só para onde estavam, é difícil depois de baixar muito também subir de repente, é um problema", respondeu à aluna que introduziu o tema, assinalando que "o contraponto faz-se pela ação social, como é evidente, assim é que faz sentido".
O social-democrata advogou, então, que o preço da propina deve ser "igual para todos" e mostrou-se contra descontos com base nos rendimentos dos alunos e das suas famílias.
Na iniciativa de campanha, Rui Rio defendeu também uma flexibilização do acesso ao curso de medicina, depois de questionado por um aluno dessa área.
"Nós não podemos apertar tanto a entrada na faculdade porque não faz sentido depois haver falta de médicos e nós estarmos a importar, entre aspas, médicos de outros países, não dando oportunidade aos jovens portugueses de tirar o curso que querem tirar ou terem de ir, por exemplo, para a República Checa, como muitos vão tirar o curso de medicina", explicou.
Notando que "demora uns anos a lá chegar", o candidato a deputado na lista pelo círculo eleitoral do Porto advogou que deveria ser dada "mais oportunidade" aos alunos, especialmente quando há "consciência de que há escassez de profissionais, designadamente na medicina".
Na ocasião, o também antigo autarca da cidade do Porto admitiu ter conhecimento de que "há dificuldade em aceder à especialidade".
Pedindo a palavra, o estudante contrapôs que "o problema não é a falta de médicos em Portugal", mas sim as assimetrias entre aqueles que exercem no interior e os que estão localizados no litoral do país.
Outro problema apontado pelo estudante foi a distribuição destes profissionais entre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os hospitais privados, porque "não havendo médicos no SNS, não podem formar médicos especialistas".
"Portugal até tem formado médicos, não tem é formado especialistas", vincou.
Mas ao longo da conversa, que durou mais de uma hora, moderada pelo presidente da Federação Académica do Porto, também se falou de descentralização.
O líder social-democrata comentou que "pegar num instituto público, tirá-lo de Lisboa e pô-lo não sei onde" é "muito difícil” : “Dá aquela borrada que o Governo fez com o Infarmed" quando quis passar a sede autoridade do medicamento para o Porto, porque a maioria dos trabalhadores moravam em Lisboa.
"Em nome desta ideia não posso pegar na vida daquelas pessoas e atirá-las para aqui, coisa que, no entanto, é feita todos os dias às pinguinhas para o resto do país", uma vez que "todos os dias há quem vá do país todo para Lisboa e tenha de mudar a sua vida por causa da concentração".
Em sua opinião, “é muito difícil resolver isto”.
“Fomos para um patamar estúpido. Aliás, essa é a palavra que eu tenho utilizado relativamente à excessiva centralização do país e ao abandono do interior, eu acho que não temos de ser muito sofisticados na palavra porque existe esta palavra, a estupidez, e isso foi o que nós fizemos ao longo de todos estes anos", vincou.
Hoje de manhã, tendo ao seu lado o cabeça de lista pelo Porto, Hugo Carvalho, Rui Rio recordou os tempos em que liderou a associação de estudantes da Faculdade de Economia do Porto e assinalou que o facto de os alunos presentes fazerem parte do associativismo estudantil é valorizado no mercado de trabalho.
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