Por todo o país estão a ser criadas consultas de acompanhamento a doentes pós-covid-19. E o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) não foge à regra.

"Temos desenvolvida e já em funcionamento uma consulta de acompanhamento respiratório pós-covid para profissionais de saúde do nosso hospital e também uma consulta interna, na pneumologia, para os doentes que estiveram internados no serviço ao longo deste ano e que tiveram infeção", explica, ao SAPO24, Carlos Robalo Cordeiro, diretor do serviço de pneumologia do CHUC.

Em Coimbra, o acompanhamento está a ser feito por duas vias. A primeira visa o acompanhamento mais personalizado dos profissionais de saúde do centro hospitalar; A segunda integra nesta assistência quem ali esteve hospitalizado com covid-19. Todos os doentes que integram os grupos referenciados "já receberam uma convocação para uma consulta destas".

O CHUC "tem mais de nove mil funcionários" e cerca de 1200 foram infetados ao longo do tempo de pandemia. "Faz sentido que esta população de profissionais que deram o seu esforço e que trabalharam para o combate à pandemia tenham também este conforto de ter uma consulta para se poder perceber se existem consequências respiratórias."

"Não é uma oferta muito alargada", afirma Carlos Robalo Cordeiro. No entanto, dados os recursos existentes, é a oferta possível neste momento. "Não temos recursos humanos", aponta.

Dedicados a esta especialidade estão agora cinco médicos, sendo Carlos Robalo Cordeiro um deles. E cada um tem um espaço por semana reservado para estas consultas.

Relativamente à consulta em si, tem "base respiratória", mas "depois poderá levar a outros encaminhamentos".

Preenchido o pré-requisito de ser um profissional de saúde ou um ex-internado com covid-19, e de maneira a perceber se "os doentes têm entrada nesta consulta", num primeiro momento, é feita uma avaliação clínica e radiológica.

Quem mantiver sintomas depois da infeção, normalmente associados à função respiratória, será, assim, elegível para este acompanhamento.

Tosse, falta de ar ou fadiga são as sintomatologias mais frequentes. No entanto, quem tenha uma "radiografia do tórax anormal" não será deixado de parte e deverá ser encaminhado para uma "TAC torácica de alta resolução".

O objetivo é fazer um "estudo funcional respiratório completo", mesmo em doentes sem grandes dificuldades respiratórias, caso sejam detetadas alterações nos valores normais na zona dos pulmões.

Para além disto, é também feito um estudo analítico do "potencial de risco trombótico" destes doentes. Afinal, "este coronavírus induz um risco muito grande de acidentes embólicos, concretamente de tromboembolia pulmonar".

São também realizadas provas de esforço. A "prova da marcha dos seis minutos", obrigatória para todas as pessoas que vão à consulta e, "em doentes selecionados", a "prova de esforço cardiorrespiratória".

Concretizado o diagnóstico, é da "responsabilidade do pneumologista" nesta "consulta geral" encaminhar, se necessário, o doente para outros exames e especialidades, explica Carlos Robeiro Cordeiro.

Caso as alterações "na função respiratória, na imagem torácica e também na sua capacidade esforço" assim o indiquem, a reabilitação cardiorrespiratória é ainda uma possibilidade de tratamento.

Para além das patologias mais frequentes - as de nível respiratório e cardiovascular -, o CHUC está também atento a outras possíveis consequências.

"O compromisso neurológico é relativamente frequente", por exemplo. Há quem se queixe de "dificuldade de concentração ou até de alterações de humor". E há também "situações mais avançadas", como a ansiedade ou a depressão, que podem justificar o encaminhamento para as áreas da psicologia ou da psiquiatria, explica o diretor do serviço de pneumologia.

"Fraqueza e fadiga muscular", "falta de paladar e de olfato"  são também patologias que têm sido diagnosticadas e que pedem "tratamentos dirigidos a essas circunstâncias particulares".

Mais pontualmente, ocorrem casos de "sequelas dermatológicas", como perda capilar ou rasgos cutâneos.

Se quiser saber mais sobre como estão os vários hospitais do país a gerir as consultas de pós-covid-19, pode ler aqui.