Segundo explicou o presidente da empresa australiana, Ian Lusted, num encontro com jornalistas, nas sondagens será utilizada uma técnica idêntica à das captações de água. Na sessão de esclarecimento, Ian Lusted assegurou que a empresa submeteu “voluntariamente” o planeamento das sondagens previstas à apreciação de um estudo de impacto ambiental, que se encontra na Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
“O poço de avaliação na concessão da Batalha está previsto ser perfurado na vertical até uma profundidade aproximada de 2.900 metros, o que será idêntico na concessão de Pombal”, afirmou Ian Lusted, acrescentando que as explorações não estão perto de zonas Reserva Agrícola Nacional e Reserva Ecológica Nacional, de rios, de pessoas e de zonas arqueológicas.
A empresa assegurou também que, após a realização dos estudos, os locais concessionados serão “deixados como estavam antes”.
“Se formos bem-sucedidos e avançarmos para a comercialização, o impacto será mínimo, pois a distribuição do gás será realizada de forma subterrânea. Praticamente todo o processo é feito no subsolo”, disse Ian Lusted, ao referir que, até ao momento, “terão sido gastos cerca de meio milhão de dólares [cerca de 440 mil euros] de investimento direto”.
A Australis reuniu hoje com autarcas e ambientalistas da região de Leiria. O presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala (PSD), alertou para a necessidade de existir um plano de contingência para a água.
“Temos cerca de 90% da população abastecida a partir de captações subterrâneas de água e essas captações não são muito distantes da sondagem que será feita em Aljubarrota, o que nos deixa preocupados”.
O autarca sublinhou que considera “obrigatória a elaboração de um plano de contingência, porque se faltar a água a esta população terá, inevitavelmente, de ser a Australis a garantir o seu abastecimento e a sua qualidade, no caso de haver deterioração”. E o mesmo “terá de ser posto em prática de imediato”.
Por seu lado, o presidente da associação ambientalista Oikos, Mário Oliveira, mostra satisfação por o projeto ser executado através de sondagens “ditas convencionais”, uma vez que “os impactos, teoricamente, não são tão graves quanto isso”.
“A fraturação hidráulica era liminarmente colocada de lado por nós. Ainda continuam de pé algumas dúvidas em relação aos planos de contingência, que têm a ver com eventuais riscos de contaminação dos aquíferos e aqui a população tem de falar mais alto do que os interesses do gás”, disse.
Já o dirigente da organização ambientalista Quercus Domingos Patacho destacou a importância do “estudo de impacto ambiental para cada um dos furos”.
“Eles assumem que não há ‘fracking’, que era um risco muito maior, mas mesmo assim não temos a certeza disso”, acrescentou.
Junto ao local da reunião, um pequeno grupo de manifestantes da Linha Vermelha - Academia Cidadã e Climáximo | Movimento de Cidadãos da Zona Centro contra a Exploração de Gás | Peniche Livre de Petróleo | Marinha Grande Livre de Petróleo | GPS Grupo Protecção Sicó exibiram cartazes contra a exploração de gás na zona Centro.
“Não queremos furos em Aljubarrota, nem na Bajouca, queremos os contratos cancelados e as petrolíferas nos museus para recordar a história. Queremos energias renováveis, queremos terra e águas puras para a agricultura e para um futuro saudável. Não aceitamos que a região Centro seja o campo experimental que todo o país recusou”, adiantam num comunicado.
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