Em declarações aos jornalistas na sequência da revelação, na segunda-feira, pela Direção-Geral de Saúde (DGS), de um caso confirmado de “doença dos legionários” numa fábrica na Maia, Jorge Fesch disse que a doença do colaborador - provocada pela bactéria ‘legionella pneumophila’ – foi diagnosticada pela equipa médica da empresa em novembro, estando o trabalhador neste momento “recuperado”.
Desde então, assegurou, a empresa “reforçou” os procedimentos que já vinha cumprindo “há muito tempo” para “prevenir várias eventualidades”, mas as análises efetuadas “por empresas acreditadas” às várias torres de refrigeração sempre se revelaram negativas, não tendo o caso sido reportado à DGS ou à Inspeção-Geral do Ambiente.
“Não tratámos com nenhuma autoridade especificamente, foram procedimentos internos da empresa”, afirmou o administrador, assegurando que a empresa “é toda ela certificada em variadíssimos domínios, nomeadamente no ambiente, e portanto tomou sempre as medidas que preservam o ambiente de acordo com as recomendações da legislação em vigor e até das recomendações internacionais”.
De acordo com Jorge Fesch, a Sakthi foi abordada pela DGS em fevereiro passado para “aprofundar” a situação – da qual terá sido notificada pelo hospital para onde foi encaminhado, em novembro, o trabalhador - tendo sido uma das análises entretanto efetuadas diretamente por este organismo que detetou a existência da bactéria numa das torres da refrigeração da empresa.
Segundo adiantou, a última visita de técnicos da DGS “para recolher mais um ‘set’ de amostras” ocorreu esta madrugada, mas se há resultados das análises efetuados que são “imediatos, extemporâneos e negativos”, há “resultados mais completos que obrigam a uma cultura”, cujo “’timing’ é de dez dias”.
“Temos vindo consistentemente a acompanhar o tema de muito perto, não tivemos mais casos e os resultados que temos vindo a obter são sucessivamente negativos”, afirmou, assegurando que a empresa vem “mantendo uma relação próxima e direta com a DGS, em total colaboração sobre esta matéria e no rigoroso cumprimento das recomendações que nos façam”.
De acordo com o administrador, a atual recomendação da DGS “é do reforço da atenção nos tratamentos [aos reservatórios de água da empresa, já que a doença se contrai por inalação de gotículas de vapor de água contaminada] e de um sucessivo controlo de amostras”.
Amostras essas que, sublinhou, “vão oferecendo confiança e consistência às medidas reforçadas” entretanto adotadas pela empresa que, reiterou, é “é particularmente cumpridora” e está “muito bem assessorada nesta matéria”.
Convicto que não se registarão mais casos de “doença dos legionários” ligados à Sakthi Portugal, Jorge Fesch disse que as outras sete situações que a DGS anunciou ter “em estudo” serão eventualmente “sete outras empresas e não sete outras pessoas”, já que não qualquer outro trabalhador reportado como doente na fábrica.
Relativamente à não divulgação aos restantes trabalhadores da empresa do caso positivo de novembro, o administrador justificou a decisão pela “criação potencial do pânico à volta de um único evento” que, de imediato, foi abordado.
Instalada na Maia há 45 anos, a Sakthi Portugal opera na área da fundição de componentes para o setor do automóvel e é detida a 100% pela Sakthi Índia, empregando cerca de 520 trabalhadores tendo uma faturação anual de 35 milhões de euros.
A Direção-Geral de Saúde revelou segunda-feira que há um caso confirmado de "doença dos legionários" numa fábrica na Maia, Porto, e outros sete “em estudo”, tendo sido tomadas “todas as medidas para controlar o problema e prevenir novas ocorrências”.
O diretor-geral de saúde, Francisco George, disse à agência Lusa que “o Instituto Ricardo Jorge identificou a relação causa-efeito entre as secreções pulmonares de um doente com pneumonia provocadas por uma bactéria que é a mesma detetada na água da torre de arrefecimento da respetiva empresa fabril”.
De acordo com Francisco George, o caso confirmado pela DGS foi sinalizado na última semana de fevereiro e “todas as medidas foram tomadas para controlar o problema e prevenir novas ocorrências”, prosseguindo “os estudos em mais sete casos que foram diagnosticados nas últimas semanas”.
[Notícia atualizada às 14:03]
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