Conhecido por confecionar bombons de chocolate com sabor a azeitona e azeite, António Melgão fechou a pastelaria Capri, situada numa das principais ruas de Montemor-o-Novo, em março, quando foi decretado o Estado de Emergência, por causa do novo coronavírus (SARS-CoV-2) que provoca a doença da covid-19.
Foram “dois meses” de portas fechadas, em que, afirma, “sentimos algumas dificuldades”, porque “tanto eu como a minha esposa somos os sócios-gerentes da pastelaria e não tínhamos direito a apoio nenhum”, sublinha.
Posteriormente, relata, a pastelaria abriu “só com o serviço de ‘take away'”, mas “vender bolos para fora é um pouco difícil”, pelo que decidiu recorrer a amigos que trabalham na área da cozinha e que o ensinaram a fazer pizzas e massas.
O novo serviço ainda não permite “uma venda de casa cheia, mas já ajuda um pouco”, admite o pasteleiro e sócio-gerente da Capri.
“Comecei por fazer pizzas para vender para fora aos fins de semana e até correu bem”, mas, após o levantamento das medidas de confinamento, “abrimos e voltámos àquilo que era a normalidade, só que com uma redução de vendas muito grande”, diz.
Para “compensar a redução nas vendas de bolos”, o pasteleiro conta que resolveu retomar o serviço de pizzas para fora e preparou a sala e a esplanada para receber clientes aos jantares de sexta-feira, almoços e jantares de sábado e almoços de domingo.
“Além da pastelaria normal, agora, temos um serviço adicional que são as pizzas e as massas”, que são confecionadas “com ingredientes frescos e sempre que possível adquiridos a produtores próximos”, assinala. E os clientes estão satisfeitos, diz.
Uma pizza com ingredientes da açorda alentejana
A ementa apresenta quatro variedades de pizzas e outras tantas de massas, mas o destaque vai para a pizza Alentejo, que é feita com os ingredientes da açorda alentejana: coentros, azeite, alho, pão, bacalhau e ovo.
António Melgão diz que, antes da crise provocada pela pandemia, o negócio da pastelaria já não corria de feição, no último ano, devido às obras de requalificação da rua onde se situa o espaço comercial.
“Agora, após a reabertura, eu diria que andamos pelos 20 ou 30% daquilo que era antes”, adianta, admitindo que se fizer “três ou quatro jantares e vender mais três ou quatro pizzas para fora” já é positivos: “É mais esse que vai ajudar”, nota.
Segundo o empresário, a pastelaria recorreu ao ‘lay-off’ simplificado e os seus trabalhadores ainda estão em casa, estando o serviço do estabelecimento a ser assegurado por si, pela mulher e pelas duas filhas.
“Queremos que este serviço seja para ficar sempre”, porque “verificamos que pode servir para aumentar o volume de negócio da pastelaria”, realça o responsável, admitindo que a possibilidade de “criar mais um ou dois postos de trabalho”.
Entre os clientes habituais do serviço de pastelaria e doçaria, Manuel Nunes afirma que passou também a frequentar o espaço por causa das pizzas, sobretudo a que tem os ingredientes da açorda, que diz ser “um espetáculo e imperdível”.
“A nova realidade assim obrigou e nós estamos satisfeitos pela qualidade que a pastelaria nos proporciona”, atira.
Na esplanada, Dulce Silva conta que já era cliente “há muito tempo” do espaço comercial e que procurava o estabelecimento “pela pastelaria”.
“Vim experimentar as massas. Já tinha experimentado as pizzas. Estão ótimas. Apesar de tudo, pelo que passaram, resolveram abrir de outra maneira e acho que tem sido bom para eles e para nós como clientes”, considera.
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