Bárbara Lima, 21 anos, chegou à capital em agosto para fazer um estágio académico não remunerado, mas ainda não conseguiu encontrar alojamento. Um dos problemas é precisamente o valor das rendas. “Tudo o que tenho visto está à volta dos 500 euros por quarto”, fora das suas possibilidades, lamenta a jovem de Guimarães.
A realidade em Lisboa é muito diferente daquela que encontrou há três anos quando chegou à Guarda, para estudar comunicação, onde arrendou um quarto por cerca de 130 euros, com condições “muito melhores” em comparação com a oferta alfacinha. “Só estou à procura de um quartinho, já nem peço nada como aquilo que tinha na Guarda”, admite.
Arrendar um apartamento não se torna mais fácil e quem o diz é João Barreiros, 21 anos. O aluno do 4.º ano de Direito conta à Lusa que está há cerca de dois meses à procura de uma casa para partilhar com o irmão, Diogo, de 24, mas o orçamento de 550 euros que têm para a renda tem sido um entrave.
“Encontrar um t2 a esse preço é impossível”, explica o estudante, admitindo que mesmo quando procura apartamentos com apenas um quarto, “todas as zonas centrais desaparecem” depois de filtrar as opções com base no preço máximo que os irmãos podem pagar.
Lamentando que estudantes em situações semelhantes acabem por ser empurrados para a periferia, onde o acesso aos transportes públicos é menor, o estudante de Benavente confessa que, no seu caso, “quase compensa mais vir de um sítio que fica a 50 quilómetros de Lisboa”.
Joana Ferreira e Catarina Alves, ambas de 21 anos, enfrentaram recentemente estas mesmas dificuldades, que, no caso de Joana, só foram ultrapassadas cerca de dois meses depois de começar a procura, com a ajuda de um agente imobiliário.
“Antes disso não conseguia encontrar nada” relembra, contando que chegou a ver anúncios que pediam 350 euros por pessoa, para um quarto com seis camas.
Catarina não teve tanta sorte e demorou cerca de cinco meses para encontrar a casa onde vive agora, que, na altura, ainda precisava de remodelações. Até a estudante e outros colegas se instalarem definitivamente, tiveram de ficar num outro apartamento em “muito más condições”, uma situação provisória que acabou por durar outros cinco meses.
O preço médio da oferta, que os jovens consideram ser cada vez menor em Lisboa, em resultado do crescente número de turistas e do arrendamento de curta duração, é apontando como o principal problema.
As rendas pedidas para quartos próximos das faculdades, podem chegar aos 550 euros, quase o equivalente ao salário mínimo nacional, fixado nos 557 euros mensais.
Apesar de estar a trabalhar, Joana sublinha a situação “insustentável” dos colegas de casa, estudantes a tempo inteiro. “Eles têm de pagar propinas, renda, despesas, comida… É sempre a somar”, lamenta.
De volta ao caso de João, o jovem acredita que o facto de ser estudante é um fator de exclusão quando os proprietários têm outros interessados. Catarina concorda, relembrando que “muitas vezes, os senhorios preferiam arrendar a famílias”, em vez de escolherem os estudantes universitários.
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