Vários enfermeiros com especialidade de Saúde Materna já pediram a suspensão dos títulos, mas o número de pedidos só deverá ser conhecido no fim desta semana, afirmou Ana Rita Cavaco.
Os especialistas de Saúde Infantil e Pediátrica, Reabilitação e Médico-Cirúrgica também criaram movimentos e manifestaram a intenção de entregar os títulos, o que os impedirá de trabalhar em atividades específicas, exigindo ao mesmo tempo ao Governo que lhes aumente os salários e crie carreiras específicas.
"Preocupa-nos muitíssimo, é um movimento que está a crescer e a alastrar", admitiu Ana Rita Cavaco, ressalvando que a Ordem ainda não suspendeu nenhum título, apesar de já ter recebido vários pedidos dos especialistas de Saúde Materna.
Concedida a suspensão, um profissional só poderá trabalhar nos cuidados gerais e não nos especializados, que incluem atos que só podem ser praticados com um título válido.
Os pedidos de entrega dos títulos surgem na sequência de alegadas ameaças e tentativas de coação dos conselhos de administração hospitalares aos enfermeiros especialistas que há duas semanas deixaram novamente de cumprir os cuidados especializados pelos quais exigem ser pagos.
"É tão feio, em vez de tratarmos bem e sabermos gerir dentro das instituições os nossos enfermeiros, queridos no mundo inteiro, começarmos a ameaçá-los com protestos disciplinares", lamentou a bastonária da Ordem dos Enfermeiros.
Trata-se de "profissionais que mantêm o sistema a funcionar 24 horas por dia, que vigiam a saúde das pessoas e levam para casa menos de mil euros por mês e têm milhares de horas acumuladas", frisou.
Ana Rita Cavaco acrescentou que "o Estado nunca ajudou nem pagou" para que fizessem a formação na especialidade que desempenham, paga pelos próprios enfermeiros, tal como o título.
O Sindicato dos Enfermeiros entregou no fim de agosto um pré-aviso de greve nacional para os dias 11 a 15 de setembro pela introdução da categoria de especialista na carreira de enfermagem, com respetivo aumento salarial, bem como a aplicação do regime das 35 horas de trabalho para todos os enfermeiros.
Além da saúde materna e obstetrícia, as especialidades de enfermagem atualmente reconhecidas são a enfermagem comunitária, a médico-cirúrgica, a de reabilitação, a de saúde infantil e pediátrica, e a de saúde mental e psiquiátrica.
O pré-aviso de greve abrange todos os enfermeiros e não apenas os que têm funções especializadas.
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