Mais cedo ou mais tarde, os animais iam perceber que os humanos tinham desaparecido do espaço que habitualmente partilham. Feita a descoberta, há que aproveitar. Foi isso que fizeram oito leões, no Kruger Nacional Park, a maior área selvagem protegida na África do Sul: dormiram a sesta à beira da estrada deserta, quando, normalmente, só são vistos no local durante a noite.

Conta a BBC que o guarda florestal Richard Sowry estava em patrulha na quarta-feira quando tirou as fotografias partilhadas nas redes sociais do parque. A estrada, que normalmente estaria ocupada com turistas, praticamente não tem circulação nos últimos dias, uma vez que o parque está encerrado desde 25 de março devido à pandemia da Covid-19.

Contudo, o trabalho no Kruger National Park não acaba: é necessário que os guardas continuem a circular para impedir a aproximação de caçadores furtivos nestes dias. Foi durante a ronda que Sowry viu os leões, tendo parado o carro a apenas cinco metros destes para observar o fenómeno incomum — e os leões não ficaram incomodados e a maioria aparentava dormir profundamente.

"Os leões estão habituados a ver pessoas nos carros", explicou. "Todos os animais têm muito mais medo das pessoas a pé, por isso, se eu tivesse saído, eles nunca me tinham permitido chegar tão perto".

Contudo, é preciso ter cuidado com este novo hábito dos leões, uma vez que pode ser perigoso no futuro, quando as estradas retomarem a sua habitual movimentação.

O guarda florestal mostrou-se feliz ao partilhar as suas fotografias com as pessoas que não podem visitar o parque devido às restrições impostas. "Estes são tempos difíceis para todos e a intenção era trazer alegria às pessoas", frisou.

"Kruger é um lugar muito selvagem", disse. "Foi selvagem e ainda é selvagem".

Mas este não é o único episódio registado no parque. Diz o The Guardian que, no início da semana, Jean Rossouw, diretor do clube de golfe Skukuza, localizado dentro do parque, capturou vídeos e fotografias de leões e hienas no local: as leoas pararam para beber água nas lagoas do campo e ainda perseguiram as hienas.

O número de mortes provocadas pela Covid-19 em África subiu para 961 nas últimas horas, com mais de 18 mil casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia naquele continente.

A pandemia afeta 52 dos 55 países e territórios de África, com cinco países — África do Sul, Argélia, Egito, Marrocos e Camarões – a concentrarem mais de metade das infeções e mortes associadas ao novo coronavírus.

A África do Sul tem o maior número de casos (2.605), com 48 mortos, mas o maior número de vítimas mortais regista-se na Argélia (348), em 2.268 infetados.

A nível global, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 145 mil mortos e infetou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.