Mário Centeno como governador do Banco de Portugal "é um hipótese", disse António Costa na segunda-feira a propósito da tomada de posse do novo ministro das Finanças e consequente demissão de Centeno do cargo que ocupou desde 2015. Minutos depois, João Leão, o novo homem forte da pasta, reforçou a ideia, afirmando que o antigo chefe das finanças era uma "excelente hipótese" para o cargo de governador.

O tema passaria a fazer parte da atualidade, sobretudo após o PAN ter apresentado um projeto de lei, aprovado na generalidade pela Assembleia da República, que visa estabelecer um período de nojo de cinco anos entre o exercício de funções governativas e o desempenho do cargo de governador do Banco de Portugal.

Mas esse parece não ser o único obstáculo de Mário Centeno na corrida à sucessão de Carlos Costa. Escreve o Público na edição de hoje que à eventual proclamação da lei, o ex-ministro das Finanças tem ainda de enfrentar outras barreiras, todas elas ligadas a questões de transparência.

A primeira está relacionada com a resolução do Banif e a venda polémica do Novo Banco - se for para o Banco de Portugal, será Mário Centeno, enquanto responsável pelo Fundo de Resolução,  a avaliar os pedidos de injeção de dinheiro público no Novo Banco.

A segunda barreira está ligada a questões de fiscalização, uma vez que o conselho de auditoria, responsável por supervisionar o trabalho do governador do Banco de Portugal, foi todo escolhido por Mário Centro, enquanto ex-ministro das Finanças, escreve o Público. Os três membros são Nuno Fernandes, o presidente, Óscar Figueiredo e Margarida Vieira de Abreu.

Já no conselho consultivo, uma estrutura sem poder efetivo, há quatro elementos nomeados por Mário Centeno, são eles Francisco Louçã, Luís Nazaré, Murteira Nabo e João Talone.

O tema da ida, ou não, de Mário Centeno para o Banco de Portugal levou António Costa a falar de uma lei "persecutória" que visa impedir o antigo ministro de exercer em breve as funções de governador do Banco de Portugal. "Num Estado de Direito democrático são inadmissíveis leis 'ad hominem' com a função de perseguir pessoas. Não costumo comentar iniciativas parlamentares, mas pela gravidade dessa iniciativa não posso deixar de dizer que é absolutamente incompatível com o Estado de direito democrático", sustentou o primeiro-ministro.