Em declarações à agência Lusa, Adalberto Dias de Carvalho, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e coordenador do ORE, afirmou hoje que o inquérito, realizado em março e concluído recentemente, teve por base “a sobrecarga de trabalho" dos professores.
O inquérito, designado “Os manuais no quotidiano dos professores e alunos”, abrangeu 4.590 docentes de diferentes idades, géneros, disciplinas e regiões do país, e incidiu sobre “questões de tempo e gestão de tempo”.
“É muito clara esta aposta dos professores nos manuais, sendo que a utilização do manual continua a ser maioritariamente usada em praticamente todas as gerações”, frisou Adalberto Dias de Carvalho.
Quanto aos resultados, o questionário revelou que 92% dos professores inquiridos utiliza os manuais escolares para a preparação das aulas, 97% usa os livros em contexto de sala de aula e 90% recomenda a sua utilização para a preparação para os testes.
Segundo Adalberto Dias de Carvalho, estas percentagens “elevadíssimas” não representam apenas um “fenómeno tipicamente português”, revelam também que Portugal está em concordância com outros países europeus que fazem “o mesmo uso deste recurso”, como a Finlândia.
“A única diferença entre Portugal e outros países europeus é que nesses países os manuais são dados, e não apenas emprestados. E o facto destes recursos serem dados permitem ao aluno fazer uma utilização pessoal e construir uma relação com o livro”, sublinhou o professor catedrático.
O estudo revela também que 97% dos professores inquiridos consideram insuficiente o tempo letivo, assim como conclui que mais de 63% dos professores empregam mais de cinco horas por semana na preparação das atividades para o contexto de sala de aula.
Para Adalberto Dias de Carvalho, este inquérito permitiu concluir que “a relação do professor com o aluno, através do manual escolar, é bastante importante e significativa”.
“Na realidade, esta relação entre o professor e o aluno é muito importante porque permite introduzir este hábito de relação com o livro, que de outra forma ficaria perdido no seio de tantos outros recursos”, acrescentou o coordenador do ORE.
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