A lei espanhola proíbe a publicação de sondagens nos cinco dias anteriores às eleições, pelo que as que foram conhecidas hoje serão as últimas antes das legislativas de 23 de julho, no próximo domingo.
Só uma sondagem dá a vitória ao Partido Socialista (PSOE), do atual primeiro-ministro, Pedro Sánchez: é a do organismo público Centro de Investigações Sociológicas (CIS).
O CIS anteviu hoje que o PSOE será no domingo o mais votado com 32,6% dos votos, seguido do PP (direita) com 30,8%, da plataforma de extrema-esquerda Somar com 14,9% e do VOX (extrema-direita) com 11,8%.
Este organismo não estimou números de deputados eleitos por cada partido.
As sondagens do CIS, organismo liderado por um militante socialista, estão envoltas em polémica, por darem sistematicamente vantagem ao PSOE, ao contrário dos estudos feitos por empresas privadas, e por, nas eleições mais recentes, não se terem confirmado as projeções que fez.
Ao contrário do CIS, todas as outras sondagens conhecidas hoje dão a vitória ao PP, mas sem maioria absoluta, tal como aconteceu ao longo de toda a pré-campanha e campanha.
O PSOE será a segunda força mais votada, coincidem as sondagens que, no entanto, se dividem em relação ao terceiro lugar, que pode ficar com o VOX ou com o Somar.
As sondagens coincidem também em que o VOX terá este ano menos deputados do que os 52 que conseguiu nas eleições anteriores, em 2019, mas o resultado do partido de extrema-direita será decisivo, pela possibilidade de formar uma maioria absoluta no parlamento com a bancada do PP e, assim, vir a entrar no Governo central espanhol ou evitar uma ‘geringonça’ entre partidos de esquerda e regionais.
A sondagem publicada hoje pelo jornal El Pais, da empresa 40dB, dá 32,9% dos votos ao PP e 13,5% ao VOX, com os dois partidos a puderem eleger juntos entre 173 e 179 deputados, sendo que a maioria absoluta se alcança com 176.
Já a sondagem do El Mundo, da empresa Sigma Dos, estima que PP e VOX juntos terão precisamente os 176 deputados mínimos para uma maioria absoluta.
“A possibilidade de bloqueio após o 23-J [23 de julho] ganha terreno”, escreve hoje o El Mundo, enquanto o El Pais conclui que o resultado da sondagem que hoje publica “deixa o cenário [pós-eleições] em aberto”.
Segundo o estudo do El Mundo, há 16 círculos eleitorais pequenos que serão decisivos, por a eleição dos últimos deputados por essas províncias depender de 4.000 votos e tanto puderem acabar num partido de esquerda como num de direita.
Vários jornais espanhóis, entre eles, os dois maiores (El Pais e El Mundo) publicaram sondagens ao longo da pré-campanha e depois estudos diários desde o início oficial da campanha eleitoral, em 06 de julho.
A vitória do PP nunca esteve em dúvida nestes estudos e até se consolidou, com o partido, aliás, sempre à frente das sondagens desde há mais de um ano, com a chegada à liderança de Alberto Núñez Feijóo.
Na pré-campanha, as sondagens tinham dado uma recuperação da esquerda que, porém, parou e se inverteu há uma semana, após o único debate frente-a-frente entre Feijóo e Sánchez.
As sondagens de hoje voltam a mostrar alguma recuperação dos socialistas.
Com a impossibilidade de novas sondagens a partir de hoje, “a grande incógnita é se essa recuperação” dos socialistas “continuará até às eleições”, escreve hoje no El Pais a diretora da empresa de sondagens 40DB, Belén Barreiro, socióloga que já foi diretora do organismo público CIS.
“Não se pode descartar que haja fenómenos similares aos das eleições de 1993 e 1996, nas quais o PSOE foi capaz de recuperar durante os últimos dias, quando já não se podiam publicar sondagens. Em 1993, ganhou o PSOE contra todos os prognósticos e em 1996 a vitória do PP foi, como se diz coloquialmente, à justa”, acrescenta Belén Barreiro, que esteve ligada a governos socialistas no passado.
No El Mundo, jornal normalmente mais alinhado com a direita enquanto o El Pais está mais próximo da esquerda, a análise das últimas sondagens é, porém, também de que “direita e esquerda chegam à semana das eleições com tudo por decidir”, sobretudo pela tendência de descida do VOX.
Se não houver maioria absoluta entre PP e VOX, que já formaram coligações de governo em três regiões autónomas, a chave do próximo executivo de Espanha deverá ficar de novo nas mãos de partidos de âmbito regional, incluindo nacionalistas e independentistas da Catalunha e do País Basco, que viabilizaram a atual coligação do PSOE e do bloco de extrema-esquerda Unidas Podemos.
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