Para o debate sobre o estado da nação, o Governo escolheu o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, para fazer o discurso sobre política geral no encerramento e o titular da pasta da Saúde, Manuel Pizarro, para fazer uma das intervenções de fundo durante as mais de três horas e meia de discussão

Esta opção por Manuel Pizarro traduz a intenção de o Governo responder às crescentes críticas da oposição sobre a atual situação do setor, designadamente problemas como o dos cidadãos sem médico de família e outros, de caráter orgânico, como o dos atrasos na conclusão da aprovação dos estatutos da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde.

Pela parte de António Costa, as suas intervenções deverão destacar o crescimento económico de Portugal, as respostas à inflação e a desafios estruturais que se colocam ao país, numa conjuntura política que o Governo PS e consideram de normalidade institucional.

No núcleo político do Governo, assume-se que ao longo da primeira sessão legislativa houve alguns “episódios lamentáveis” que prejudicaram a imagem do executivo e que deram origem a várias mudanças inesperadas na equipa liderada por António Costa. Mas também se conclui que o foco de ação no cumprimento do programa não se alterou e que os resultados da economia se encontram acima do esperado.

A oposição coincide ao responsabilizar o Governo pelo “empobrecimento” do país, mas enquanto PSD, Chega e IL atacam o peso da carga fiscal, PCP e BE acusam o “poder absoluto” PS de seguir políticas de direita.

PSD, Chega, Iniciativa Liberal (IL), PCP e Bloco criticam o estado dos serviços de saúde, as perturbações no ano letivo na escola pública por causa do conflito entre Governo e professores, o aumento dos preços da habitação e os baixos salários em conjuntura de inflação.

Além das questões económicas e sociais, a oposição aponta instabilidade no Governo, com sucessivos casos e demissões, ausência de diálogo e uma tentativa de “branqueamento” de várias situações por parte da maioria absoluta socialista, em particular factos que terão resultado da comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP.

No plano político, porém, as estratégias dos partidos divergem. Chega e IL consideram que o executivo socialista não deve continuar em funções, mas o PSD, alegando responsabilidade política, rejeita para já o cenário de eleições antecipadas, que também não é reivindicado pelo BE e PCP.