O ex-Presidente, de 79 anos, tem problemas de saúde há vários anos e tem sido acompanhado em Barcelona desde 2006, no Centro Tekon. Fonte do gabinete de José Eduardo dos Santos, que recebeu informações desta clínica, adiantou ao semanário Expresso que o ex-chefe de Estado "está nas últimas”.
Segundo o Expresso, foram ontem realizados exames de tomografia que detetaram graves lesões isquémicas no cérebro. “De ontem para hoje a situação agravou-se consideravelmente e sendo a sua situação praticamente irreversível, devemos agora estar preparados para o pior”, disse essa fonte ao semanário.
Eduardo dos Santos governou Angola entre 1979 e 2017, tendo sido um dos presidentes a ocupar por mais tempo o poder no mundo e era regularmente acusado por organizações internacionais de corrupção e nepotismo.
Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975.
José Eduardo dos Santos, ou ‘Zedu' como era tratado em Angola, começou a sua experiência governativa a 11 de novembro de 1975, com o primeiro Governo do país, então ministro das Relações Exteriores.
Em mais de 40 anos em funções, em 1979 sucedendo a António Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos apenas governou em período de paz durante menos de uma década e meia e encarou diretamente apenas duas eleições (1992 e 2012), além de umas eleições legislativas (2008).
Nascido a 28 de agosto de 1942 em Luanda, José Eduardo dos Santos viveu até à juventude no bairro do Sambizanga, na capital angolana, mas aos 19 anos deixou o país, quando já integrava grupos clandestinos de oposição ao regime colonial português.
É um dos fundadores da Juventude do MPLA, que chegou a coordenar no exterior, e em 1962 integrou o Exército Popular de Libertação de Angola (EPLA), até que no ano seguinte se tornou no primeiro representante do partido em Brazzaville, capital da República do Congo.
Em setembro de 1975 entra para a elite do partido, sendo eleito membro do Comité Central e do Bureau Político do MPLA, avançando com naturalidade para o Governo de Agostinho Neto, depois da proclamação da independência.
Foi como chefe da diplomacia angolana que conseguiu o primeiro objetivo nacional para a então República Popular de Angola, em guerra. Conseguiu em 1976 o reconhecimento do país, após intensa luta diplomática, como membro de pleno direito da Organização da Unidade Africana (OUA) e da Organização das Nações Unidas (ONU).
Entretanto, exerceu, no Governo, o cargo de primeiro vice-primeiro-ministro, até dezembro de 1978, altura em que foi nomeado ministro do Plano, antecedendo a sua chamada para a Presidência do país, funções em que se manteve durante os 38 anos seguintes.
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