Depois da sessão perante o juiz ter sido adiada durante a manhã, João Rendeiro voltou ao tribunal de Verulam por escassos minutos, apenas para ver a audiência passada para esta quarta-feira.

Ao levantar-se, Rendeiro proferiu apenas uma frase aos jornalistas — "eu não vou regressar a Portugal" —, escusando-se a responder a perguntas sobre o processo. Durante a transmissão também não foi possível ouvir o que o juiz lhe disse.

Este é o segundo dia em que João Rendeiro vem à sala de tribunal, depois de na primeira presença perante juiz, na segunda-feira, para legalizar a prisão preventiva, a defesa ter pedido liberdade sob fiança que, à partida, seria discutida hoje.

A sua advogada, June Marks, alertou que bastou uma noite na prisão para o ex-banqueiro receber ameaças de morte.

"Como resultado das notícias" nos órgãos de informação, "ele [João Rendeiro] está a receber ameaças de morte", referiu a advogada, explicando que "os outros prisioneiros ouvem as notícias na rádio". June Marks acrescentou: "Vamos pedir a transferência" do antigo presidente do BPP.

No final da audiência de segunda-feira, à saída do tribunal de Verulam, João Rendeiro foi transferido para a prisão de Westville, a 30 quilómetros, uma das maiores do país e a única da região de Durban, com dezenas de milhares de reclusos.

Ainda nenhuma das autoridades revelou detalhes sobre em que condições João Rendeiro está detido, mas hoje chegou num carro celular coletivo, juntamente com vários reclusos, segundo informaram os guardas do tribunal.

June Marks adiantou que preferia que o caso fosse transferido para Joanesburgo, ao ser questionada anteriormente pela Lusa sobre essa possibilidade, face à capacidade do tribunal de subúrbios de Verulam.

Entretanto, soube-se hoje que João Rendeiro já estaria há vários meses a preparar-se para a possibilidade de ser detido, revela a edição de hoje do ‘Jornal de Notícias’. Segundo o diário, o antigo banqueiro contratou a advogada mal chegou à África do Sul para “preparar a defesa à extradição para Portugal”.

Aqui, João Rendeiro tem à espera uma pena de cinco anos e oito meses para cumprir. Segundo o jornal, Rendeiro chegou à África do Sul a 18 de setembro, dez dias antes de dizer ao SAPO24 que estava no estrangeiro e não tinha intenção de voltar (precisamente no dia em que o ex-presidente do BPP foi condenado pelo tribunal).

O JN conta que pouco depois de chegar a Joanesburgo, Rendeiro se instalou na zona nobre de Sandton, no norte da cidade sul-africana, onde está o escritório da advogada que agora o representa.

O ex-presidente do Banco Privado Português (BPP) foi preso no sábado, num hotel em Durban, na província sul-africana do KwaZulu-Natal, numa operação que resultou da cooperação entre as polícias portuguesa, angolana e sul-africana.

João Rendeiro estava fugido à justiça há três meses e as autoridades portuguesas reclamam agora a sua extradição para cumprir pena em Portugal, relativamente a três processos distintos relacionados com o colapso do BPP.