“A Rússia tem agora mais tropas estacionadas na fronteira com a Ucrânia do que em qualquer outro momento desde 2014. A Rússia destacou entre 15.000 e 25.000 soldados para a Crimeia ou para próximo da fronteira com a Ucrânia”, disse a representante norte-americano na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Courtney Austrian, numa reunião da instituição em Viena.

A reunião do Conselho Permanente da OSCE, convocada a pedido da Ucrânia, abordou hoje o movimento de tropas russas, no quadro de um mecanismo da organização multilateral para fomentar a transparência e a confiança mútua.

“As atividades militares unilaterais da Rússia servem apenas para desestabilizar ainda mais uma situação já volátil e ameaçam desfazer o frágil cessar-fogo no leste da Ucrânia”, disse a representante dos Estados Unidos na OSCE.

“A Ucrânia tem razão em preocupar-se com essas atividades. Tanto em 2008 como em 2014, a Rússia reuniu forças antes de lançar operações militares contra a Geórgia e a Ucrânia”, lembrou o diplomata norte-americano.

A delegação russa, que participou no encontro de hoje depois de ter estado ausente de uma reunião semelhante no sábado passado, referiu que a Ucrânia é que está a realizar “atividades militares inusuais” na região de Donbass, onde desde 2014 o Exército ucraniano e os separatistas pró-russos se defrontam desde 2014.

A União Europeia (UE), Estados Unidos e Canadá destacaram hoje, porém, o “facto positivo” de a Rússia estar presente no fórum da OSCE para analisar a situação, lamentando, contudo, a atitude “pouco construtiva” de Moscovo, “que não avançou qualquer informação nova ou relevante”.

A UE referiu que as explicações russas “dificilmente podem considerar-se satisfatórias”, uma vez que não dão qualquer informação relevante para justificar um movimento de tropas tão inusitado.

Nesse sentido, pediu à Rússia que participe “de boa-fé” na reunião e que mostre “uma transparência total” sobre as suas atividades militares, algo a que está comprometida no mecanismo da OSCE, conhecido como “Documento de Viena”.

A Rússia, contudo, enfatizou que pode movimentar as suas tropas dentro do seu território com total liberdade e que o Ministério da Defesa russo enquadrou a movimentação de tropas para a fronteira com a Ucrânia na avaliação anual da capacidade de suas Forças Armadas após o inverno.

O Kremlin acusou o país vizinho de ter causado a atual escalada no Donbass, região histórica no extremo leste da Ucrânia, conhecida como uma região mineradora e industrial, marcada pelo curso do rio Donets, cuja bacia hidrográfica lhe dá nome.

Já hoje, a Rússia afirmou que pelo menos cinco aviões de transporte militar dos EUA chegaram à Ucrânia nos últimos dias.

“Só nos últimos duas chegaram a território da Ucrânia cinco aviões de transporte militar procedentes de bases aéreas norte-americanas”, declarou Nikolai Patrushev, o secretário do Conselho de Segurança russo, numa reunião realizada na Crimeia, a península anexada pela Rússia em 2014.

Segundo a agência noticiosa russa Interfax, nos últimos dias aterrarem em Kiev três aviões de transporte militar C-130J Hercules e um C-17 Globemaster dos Estados Unidos, enquanto um outro C-17 chegou à cidade ucraniana de Lviv.

Segundo o gabinete do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, cerca de 80.000 soldados russos estão estacionados na fronteira com a Ucrânia e na Crimeia, um número que o chefe de estado-maior ucraniano, Ruslan Khomchak, reduziu para 50.000.

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