Esta conclusão consta no quinto e último relatório da investigação conduzida por esta comissão da câmara alta do Congresso norte-americano sobre a ingerência russa no escrutínio presidencial de 2016, que iria ditar a nomeação de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos.
A comissão descreveu este relatório, com mais de 1.300 páginas, como “a descrição mais completa até à data das atividades da Rússia e da ameaça que estas representaram”.
Esta investigação bipartidária durou quase três anos e meio, muito mais de que outros inquéritos que visaram este dossiê.
Ao contrário de outros relatórios, o documento hoje divulgado não fornece uma conclusão cabal sobre se existem provas suficientes de que a campanha de Trump coordenou ou conspirou com Moscovo para influenciar as eleições a seu favor e afastar a então candidata presidencial do Partido Democrata Hillary Clinton.
O documento permite assim uma interpretação partidária das informações apuradas, segundo indicam as agências internacionais.
Alguns republicanos que integram a comissão defenderam que o relatório devia referir explicitamente de que não existiu uma coordenação entre a campanha de Donald Trump e Moscovo.
Já os elementos democratas da comissão argumentaram que o documento mostra de forma clara que essa cooperação ocorreu.
Num relatório apresentado em abril de 2019, o procurador-especial Robert Mueller - o escolhido pelo Departamento de Justiça norte-americano para supervisionar a investigação federal às alegadas ligações russas nas eleições presidenciais dos Estados Unidos da América (EUA) - concluiu que o governo russo interferiu no processo eleitoral presidencial norte-americano de 2016, favorecendo a candidatura de Donald Trump, contra a adversária democrata Hillary Clinton.
Neste documento, Robert Mueller referiu que Moscovo interferiu no ato eleitoral através de ações de pirataria informática e de uma campanha encoberta nas redes sociais, concluindo ainda que a campanha de Trump tirou partido de tais ações e que esperava tirar benefícios.
No entanto, Robert Mueller não acusou formalmente nenhum elemento associado à campanha de Trump de conspirar com os russos.
O inquérito do Senado também se debruçou sobre aspetos que suscitam grande interesse a Trump e que não foram explorados pela investigação conduzida por Mueller, nomeadamente a utilização por parte da polícia federal norte-americana (FBI) de um dossiê compilado por um ex-espião britânico cujo trabalho foi financiado pelos democratas.
O senador da Florida, o republicano Marco Rubio, presidente em exercício da comissão dos serviços de informações do Senado, declarou, num comunicado, que aquele órgão estava preocupado com o facto de o FBI estar disposto a usar um dossiê de investigação “sem verificar a metodologia e a origem” do documento.
A divulgação deste relatório da comissão dos serviços de informações do Senado ocorre quando faltam menos de 100 dias para as eleições presidenciais nos Estados Unidos, agendadas para 03 de novembro.
Comentários