Em comunicado, o secretário de Estado norte-americano, Antony J. Blinken, indicou que a decisão de Moscovo representa “uma rejeição completa dos compromissos da Rússia sob os acordos de Minsk”, “contradiz diretamente o compromisso com a diplomacia reivindicado pela Rússia”, e é um “claro ataque à soberania e integridade territorial da Ucrânia”.

Blinken salientou que as nações têm a obrigação de não reconhecer um novo “Estado” criado através da ameaça ou uso da força, assim como a obrigação de não romper as fronteiras de outro Estado.

“A decisão da Rússia é mais um exemplo do flagrante desrespeito do Presidente Putin [chefe de Estado russo] pelo direito e normas internacionais”, acrescentou o chefe da diplomacia norte-americana.

Horas antes do comunicado de Blinken, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, anunciou que o Governo norte-americano emitirá “em breve” uma ordem executiva com sanções devido ao reconhecimento pela Rússia das repúblicas separatistas da região ucraniana de Donbass, na Ucrânia, hoje anunciada por Moscovo.

Jen Psaki informou que a ordem executiva, a ser assinada pelo Presidente Joe Biden, proibirá novos investimentos, comércio e financiamento dos Estados Unidos para, de ou nos territórios separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.

Posteriormente, Antony J. Blinken esclareceu que essa ordem executiva foi projetada para evitar que a Rússia lucre com esta “violação flagrante do direito internacional” e reforçou que a sanção não é direcionada ao povo da Ucrânia ou ao Governo ucraniano e permitirá que atividades humanitárias e outras relacionadas continuem nessas regiões.

“O nosso apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia, bem como ao Governo e ao povo da Ucrânia, é inabalável. Estamos com os nossos parceiros ucranianos para condenar fortemente o anúncio do Presidente Putin.”, concluiu Blinken.

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu hoje a independência dos territórios separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia e instou o parlamento a assinar os tratados que permitirão o apoio militar de Moscovo a estas autoproclamadas repúblicas.

“Considero necessário tomar esta decisão que estava pensada há muito tempo, de reconhecer imediatamente a independência da República Popular de Donetsk e da República Popular de Lugansk”, referiu o chefe de Estado russo num discurso transmitido pela televisão estatal, depois do Kremlin ter divulgado esta intenção.

Putin pediu também ao parlamento russo para “aprovar esta decisão” para, em seguida, “ratificar os acordos de amizade e de ajuda mútua a estas repúblicas”, o que permitirá a Moscovo, por exemplo, enviar apoio militar aos dois territórios pró-russos do Donbass ucraniano.

Horas mais tarde, Putin ordenou a mobilização do Exército russo para “manutenção da paz” nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, que reconheceu hoje como independentes.

Putin assinou dois decretos que pedem ao Ministério da Defesa que “as Forças Armadas da Rússia [assumam] as funções de manutenção da paz no território” das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk, segundo noticia a agência France Presse (AFP).

Os decretos assinados pelo chefe de Estado russo também estabelecem consultas entre Moscovo e as repúblicas agora reconhecidas para o estabelecimento de relações diplomáticas e entram em vigor a partir do momento da sua publicação, refere o texto do Kremlin (presidência russa).