Jacob Chansley, um autoproclamado "xamã" que aderiu às teorias da conspiração QAnon, foi preso dias após os incidentes na capital norte-americana. Podendo ser condenado até 20 anos de prisão, declarou-se culpado de invasão de propriedade e conduta violenta no início de setembro num tribunal federal em Washington.

O seu advogado, citando "os seus sinceros remorsos", os seus problemas psicológicos e os 317 dias de detenção, pediu a "compaixão do tribunal" para impor uma sentença "muito mais leve" ao seu cliente.

Armado com uma lança, sem camisa e usando um cocar de chifres de búfalo, Chansley, um homem de 34 anos originário de Phoenix, Arizona, participou na invasão ao lado de centenas de apoiantes de Donald Trump para impedir que os congressistas norte-americanos validassem a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais.

Outro invasor, Scott Fairlamb, de Nova Jersey, foi condenado nesta quarta-feira a 41 meses de prisão pelo seu envolvimento no ataque e agressão a um agente da polícia, a sentença mais dura já proferida contra as quase 660 pessoas acusadas. Fairlamb declarou-se culpado em agosto.

Num documento divulgado na noite de terça-feira, a promotoria indicou que Jacob Chansley já tinha, "muito antes dos acontecimentos de 6 de janeiro", incentivado nas redes sociais a "denunciar os políticos, os media e o sistema eleitoral corrupto". No dia do ataque, ele "incitou outros manifestantes" e "deixou uma mensagem ameaçadora" contra o vice-presidente Mike Pence, acrescentou.

Chansley "aceitou a responsabilidade pela sua conduta e concordou em cooperar com as autoridades", mas "esses atos empalidecem em comparação com a falta de respeito que o réu demonstrou pela lei e pela democracia", afirma o documento.

Um total de 658 pessoas foram acusadas em vários graus pelo seu envolvimento no ataque, de acordo com o Programa de Investigação de Extremismo da Universidade George Washington.

Cinco pessoas foram mortas durante ou logo após o ataque, incluindo um agente da polícia e uma manifestante, abatida por um polícia dentro do prédio.

Além disso, dois agentes cometeram suicídio nos dias e semanas que se seguiram, sem que uma ligação direta com os acontecimentos fosse estabelecida.