O projeto-lei, que prevê uma multa que pode até ir aos 1.000 dólares para os veterinários que façam a cirurgia, segue e espera agora a avaliação do Governador nova iorquino Andrew Cuono (democrata).

A ablação (remoção) das unhas dum gato é ilegal em grande parte da Europa e em várias regiões do Canadá. Nova Iorque junta-se assim a cidades como Los Angeles, São Francisco e Denver, que estão a equacionar igualmente a mesma hipótese. No entanto, nenhum outro estado dos EUA votou pela proibição do procedimento, de acordo com a agência noticiosa Associated Press (AP) e com o The New New York Times.

Em Portugal, trata-se de um procedimento ilegal desde que foi aprovado o Decreto n.º 13/93DEC. da Convenção Europeia para a Protecção dos Animais de Companhia. Contudo, existe uma alínea na legislação que indica que se "um veterinário considerar necessária uma intervenção não curativa, quer por razões de medicina veterinária, quer no interesse de um dado animal", esta poderá ser feita.

Segundo a AP, ao contrário do que acontece no caso das unhas humanas, as garras de um gato estão ligadas ao osso. Assim, a ablação das unhas do felino exige que o veterinário faça um corte que atravessa o tendão e os nervos para remover o último segmento de osso dos dedos de um gato.

Todavia, a Sociedade de Medicina Veterinária do Estado de Nova Iorque revelou estar contra a proposta. Em comunicado, explica que o procedimento devia ser permitido como último recurso no caso dos felinos que não conseguem parar de arranhar móveis ou os respetivos donos, mas também para situações em que o dono do gato tem um sistema imunológico enfraquecido, colocando-os em maior risco de infeção em caso de arranhões. Por isso, consideram que "as decisões médicas devem ser deixadas à boa discrição de profissionais totalmente treinados, licenciados e supervisionados pelo estado".

Michelle Brownstein, veterinária na área de Rochester, no condado de Monroe, revelou à AP que deixou de realizar este tipo de cirurgias há 15 anos porque ficou convencida de que o procedimento deixa os gatos com problemas para toda a vida. Para justificar a sua tomada de posição, indicou que alguns gatos desenvolveram problemas comportamentais, enquanto outros ficaram com dores crónicas no local da operação. "O resultado é um procedimento bárbaro que resulta na mutilação do animal", revelou. "Honestamente, se está preocupado com os seus móveis, então não deveria de ter gatos", concluiu.

Brownstein revelou igualmente que quando um dono de um gato lhe pergunta sobre o procedimento, esta afirma que discute alternativas, tais como a rotina de cuidar das unhas, arranhadores ou mesmo coberturas plástico que podem ser colocadas sobre as unhas de um gato.

De acordo com o projeto — que já passou pelo Senado com votação 50-12 — os veterinários podem, contudo, realizar o procedimento se este acontecer razões médicas, tais como uma infeção ou ferida.

Aqueles que apoiam a proibição deste procedimento salientam as estimativas que sugerem que um quarto (mas talvez mais) de todos os gatos domésticos nos EUA tenham sido submetidos a esta intervenção. Por outro lado, as vozes críticas lembram que a aprovação desta medida também pode levar ao aumento da eutanásia e do abandono dos animais.