Um funcionário do novo Governo que solicitou anonimato qualificou previamente como "positiva" a reunião entre Sharaa e uma delegação americana presidida por Barbara Leaf, a responsável pelo Oriente Médio no Departamento de Estado.
"Após as nossas conversas, anunciei que vamos retirar a oferta de recompensa que mantivemos vigente nos últimos anos" por informações sobre o seu paradeiro, disse Barbara Leaf à imprensa após reunir-se com Sharaa.
O novo líder sírio, cujo nome de guerra é Abu Mohamed al Jolani, é o chefe do grupo islamista radical HTS, classificado como "terrorista" por vários países, incluindo os Estados Unidos.
O HTS liderou a aliança rebelde que tomou o poder em Damasco no dia 8 de novembro, após uma ofensiva relâmpago que derrubou Bashar al Assad.
O grupo, que foi o braço sírio da Al Qaeda, afirma ter rompido com o jihadismo e procura tranquilizar a comunidade internacional depois de mais de 13 anos de uma guerra civil que devastou e fragmentou o país.
Após a reunião com os enviados americanos, as novas autoridades garantiram que desejam contribuir para a "paz regional". Em comunicado, também afirmaram que manterão "a mesma distância em relação a todos os países e partidos da região" e rejeitaram "qualquer polarização".
A comunidade internacional está agora atenta à política dos novos líderes sobre as minorias e ao futuro das regiões curdas semiautónomas no norte da Síria, um Estado multiétnico e multiconfessional.
Em visita a Ancara nesta sexta-feira, a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, declarou que Berlim julgará os novos dirigentes pelos "seus atos".
"Cessar-fogo" em Kobane
As mulheres são "absolutamente indispensáveis" para reconstruir a Síria, disse nesta sexta-feira Amy Pope, diretora-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), uma agência da ONU.
Na quinta-feira, centenas de pessoas manifestaram-se em Damasco por democracia e direitos das mulheres.
Em Qamishli, no nordeste, milhares de pessoas manifestaram-se em apoio às forças curdas, que tentam repelir uma ofensiva dos combatentes apoiados pela Turquia, aliada do novo poder.
Também foram registados confrontos nos arredores de Kobane, uma cidade no norte do país que se tornou símbolo da luta contra os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI).
O EI sofreu lá sua primeira derrota antes de ser derrotado em 2019.
"Estamos a trabalhar ativamente, a conversar com as autoridades turcas e com as FDS (Forças Democráticas Sírias, lideradas pelos curdos sírios). Acreditamos que a melhor solução é um cessar-fogo em torno de Kobane", afirmou Leaf.
Para evitar que o EI volte a ganhar força na Síria, onde não foi totalmente erradicado, Washington apoia as FDS, que controlam as áreas semiautónomas no norte do país.
O exército dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira ter eliminado um líder do EI e outro membro do grupo na província de Deir Ezzor.
A situação é muito volátil nesta região, onde a comunidade curda, oprimida durante muito tempo, teme perder a limitada autonomia que tanto lhe custou adquirir desde 2011.
Primeira missão diplomática formal
Em Damasco, Barbara Leaf também destacou ao novo líder sírio a "necessidade crucial de garantir que os grupos terroristas não possam representar uma ameaça dentro da Síria ou fora dela, incluindo para os Estados Unidos e os nossos parceiros na região". Abu Mohamed al Jolani "comprometeu-se a fazê-lo", afirmou.
A delegação americana também se reuniu com representantes da sociedade civil em Damasco.
Trata-se da primeira missão diplomática formal enviada por Washington desde o início da guerra civil e inclui Roger Carstens, encarregado de procurar americanos desaparecidos na Síria, como o jornalista Austin Tice, sequestrado em agosto de 2012.
França, Alemanha, Reino Unido e Nações Unidas também enviaram delegações a Damasco.
A queda de Bashar Al Assad foi recebida com festa pela população após quase 14 anos de guerra civil, desencadeada em 2011 pela repressão aos protestos pró-democracia.
O conflito deixou mais de 500 mil mortos e levou seis milhões de sírios ao exílio.
As novas autoridades sírias afirmam que vão contribuir para alcançar a "paz regional"
A Síria quer contribuir para a "paz regional", afirmaram, esta sexta-feira, as novas autoridades do país num comunicado, após uma reunião entre Ahmad al Sharaa, o governante sírio, e uma delegação de diplomatas dos Estados Unidos.
No encontro, os novos líderes destacaram "o papel da Síria na promoção da paz regional e na construção de alianças estratégicas privilegiadas com os países da região", diz o comunicado.
"A parte síria indicou que o povo sírio mantém a mesma distância em relação a todos os países e partidos da região e que a Síria rejeita qualquer polarização", acrescenta.
Um representante sírio havia afirmado previamente à AFP que o encontro entre Sharaa, antes conhecido por seu nome de guerra Abu Mohammed al Jolani, e a responsável diplomática dos EUA para o Oriente Médio, Barbara Leaf, foi "positivo".
Sharaa é o líder do grupo islamista radical Hayat Tahrir al Sham (HTS), que encabeçou a ofensiva rebelde relâmpago que derrubou o presidente Bashar al Assad neste mês.
Anteriormente vinculado à Al Qaeda, o HTS é classificado como grupo "terrorista" por vários países ocidentais, e o próprio Sharaa estava sob sanções dos Estados Unidos antes da reunião.
Mas durante o encontro Barbara Leaf informou ao governante sírio que os EUA retirariam a oferta de recompensa por informações sobre o seu paradeiro.
O HTS garante ter rompido com o jihadismo e procura tranquilizar a comunidade internacional após mais de 13 anos de guerra civil que devastaram e fragmentaram o território sírio.
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