“Os Estados Unidos estão a sancionar indivíduos e entidades relacionadas com o grupo paramilitar russo Wagner e seu líder, Yevgeniy Prigozhin — incluindo as suas principais instalações e empresas de fachada associadas, as suas operações de combate na Ucrânia, os fabricantes das armas russas e aqueles que administram zonas da Ucrânia ocupadas pela Rússia”, indicou Blinken num comunicado.
O responsável explicou que esta ação se enquadra no objetivo dos Estados Unidos “de enfraquecer a capacidade de Moscovo para travar uma guerra contra a Ucrânia, fazer com que os responsáveis respondam por esta agressão e abusos associados e colocar mais pressão sobre o setor de defesa da Rússia”.
Em novembro de 2022, prosseguiu, “o Departamento de Estado identificou o Grupo Wagner (…) por operar no setor da defesa e material a ela associado da economia russa”, e o mesmo grupo de mercenários tinha já em junho de 2017 sido apontado pela Agência de Controlo de Ativos Estrangeiros dos EUA (OFAC, do Departamento do Tesouro) como “responsável ou cúmplice ou ter estado envolvido, direta ou indiretamente, em ações ou políticas constituindo uma ameaça para a paz, a segurança, a estabilidade, a soberania ou a integridade territorial da Ucrânia”.
“Hoje, a OFAC classifica o Grupo Wagner como uma organização criminosa transnacional significativa”, frisou Blinken, depois de na passada sexta-feira o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, ter anunciado que os Estados Unidos haviam designado o grupo paramilitar russo como “uma organização criminosa que comete atrocidades generalizadas e violações dos direitos humanos”, devido à sua atuação na Ucrânia, onde tem “cerca de 50.000 elementos destacados”.
No comunicado hoje divulgado, o chefe da diplomacia norte-americana precisou que “o padrão de grave comportamento criminoso do Grupo Wagner inclui assédio violento de jornalistas, trabalhadores humanitários e membros de minorias e assédio, obstrução e intimidação de forças de paz da ONU na República Centro-Africana, bem como violação e assassínios no Mali”.
Ao mesmo tempo, acrescentou Blinken, “a OFAC aponta o Grupo Wagner (…) como responsável ou cúmplice ou de envolvimento em ataques a mulheres, crianças ou quaisquer civis através da perpetração de atos de violência, ou sequestro e desaparecimento forçado, ou ataques a escolas, hospitais, lugares religiosos ou locais onde civis se tinham refugiado, ou através de conduta que constitua um grave abuso ou violação dos direitos humanos ou violação do Direito Internacional Humanitário, no caso da República Centro-Africana”.
Além disso, prosseguiu, “o Departamento de Estado identificou hoje cinco entidades e uma pessoa como ligados ao Grupo Wagner e a Prigozhin”, explicando que a inclusão destes nomes na “lista negra” norte-americana “tem como alvo uma variedade de infraestruturas-chave do Grupo Wagner” — entre as quais uma companhia aérea usada pelo grupo de mercenários, uma organização de propaganda ligada ao grupo e empresas de fachada suas.
“A OFAC está também a listar pessoas e entidades instaladas na República Centro-Africana, na República Popular da China, no Luxemburgo e nos Emirados Árabes Unidos que estão ligadas às operações do Grupo Wagner em todo o mundo”, indicou.
Também passam a integrar a “lista negra” dos Estados Unidos “três indivíduos, pelos seus papéis na direção do Serviço Prisional Federal Russo, acusados de facilitar o recrutamento de prisioneiros russos para o Grupo Wagner, (…) um vice-primeiro-ministro que também é ministro da Indústria e do Comércio e o Presidente da Comissão Eleitoral da região de Rostov”, lê-se no comunicado.
A lista incluirá a partir de hoje mais outra pessoa e quatro entidades associadas ao oligarca russo Vladimir Potanin, que foi sancionado em dezembro de 2022, refere Blinken; Serguei Adonev – um financiador do Presidente russo, Vladimir Putin, ao qual serão confiscados dois iates e um avião – juntamente com diversas entidades e pessoas a ele associadas; e a empresa Aktsionernoye Obshchestvo Dalnevostochnyy TsentrSudostroyeniya i Sudoremonta (AO DTSSS) e mais oito das suas subsidiárias, “conhecidas por construírem e fazerem a manutenção das Forças Armadas russas, incluindo a sua frota do Pacífico”.
Segundo Blinken, o Departamento de Estado vai impor restrições de vistos a 531 membros das Forças Armadas russas “por ações que ameaçam ou violam a soberania, a integridade territorial ou a independência política da Ucrânia”.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 337.º dia, 7.068 civis mortos e 11.415 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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