Em nota hoje divulgada, a CNJP leamenta que, poucos dias depois de, em 01 de janeiro, Dia Mundial da Paz, o Papa ter chamado a atenção para a necessidade de “abandonar a espiral da vingança para construir um futuro de paz”, o mundo inteiro assista hoje, “no que se refere ao agravamento do já longo conflito entre os Estados Unidos e o Irão, a uma demonstração notória do que representa essa espiral de vingança com as suas desastrosas consequências”.

“Trata-se de uma espiral que supõe uma acumulação crescente de danos cada vez mais graves e que não terá fim enquanto se mantiver a mesma lógica da resposta ao mal com um mal ainda maior, em que predominam a desumanidade e também a irracionalidade”, acrescenta a Comissão.

A CNJP considera que se assiste “ao uso da mais avançada tecnologia para a prática de mortes seletivas, para desse modo vingar a prática de outras mortes”.

“Estamos longe de qualquer lógica de legítima defesa perante um ataque em execução ou iminente. E também não podemos falar em exercício da justiça, porque esta não se confunde com a vingança”, sublinha a nota, acrescentando que “a irracionalidade que supõe a espiral da vingança leva a que neste conflito todos percam e que se retroceda no controlo da não proliferação do armamento nuclear, no combate ao terrorismo, ou na democratização do Médio Oriente”.

Para a Comissão, “as populações do Médio Oriente, já de há muito vítimas de sucessivas guerras e violências (com crescentes vagas de refugiados internos e externos), veem ainda mais agravada a sua situação”.

Esta nota da CNJP surge após Teerão ter ordenado o ataque, com mísseis, a duas bases militares norte-americanas no Iraque, na sequência da morte, através de uma operação realizada com recurso a um ‘drone’ [aparelho aéreo não-tripulado], do general iraniano Qassem Soleimani.

O ataque às bases aéreas, na madrugada de quarta-feira, não terá provocado vítimas, segundo o próprio Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou novas sanções económicas contra o Irão.