Eurico Brilhante Dias falava aos jornalistas em Macau, à margem do 3.º Fórum de Jovens Empresários entre a China e os Países de Língua Portuguesa, depois de na cerimónia de abertura ter invocado os incêndios em Portugal.

“Na minha primeira intervenção pública após os acontecimentos do passado domingo, e do forte impacto em Portugal e em muitas famílias portuguesas dos incêndios que ocorreram em Portugal, gostaria de deixar aqui uma menção explícita de tristeza e luto nacional em que se encontra o meu país”, disse, no seu discurso.

Já em declarações à imprensa, Eurico Brilhante Dias, quando questionado sobre a imagem do país no exterior, depois de nos últimos quatro meses terem morrido mais de 100 pessoas em incêndios, começou por responder com o reconhecimento a nível internacional das melhorias na economia.

“Portugal tem tido muito boas notícias económicas nos últimos tempos, no crescimento, no desemprego, no défice orçamental, e até na redução de dívida pública, saímos do procedimento de défice excessivo… E eu que tenho acompanhado vários empresários e também tenho feito algumas missões de prospeção, não só na Europa, mas em particular na Europa, tenho visto um enorme reconhecimento sobre o esforço e sobre aquilo que temos conseguido em Portugal”, disse.

“É absolutamente surpreendente que o país hoje apresente o maior salto primário da zona euro e isso é para muitos dos nossos parceiros europeus, algo que os deixa impressionados”, salientou.

Em concreto sobre a perceção internacional dos incêndios no país, Eurico Brilhante Dias disse que “estas notícias, acima de tudo, são de uma grande tristeza para todos, e têm reflexo internacional”.

“Eu próprio vim no avião e vi a BBC World [cadeia britânica] que fazia referência [aos incêndios]. Agora, não é um episódio destes, ou apenas um episódio como este, que apaga todo o trabalho que temos feito, e todo o reconhecimento internacional que temos, com uma economia cada vez mais moderna, que exporta, que exporta produtos com maior valor acrescentado”, afirmou.

“Agora é inevitável que isto são notícias negativas. Mas mais do que a questão da perceção internacional, é de facto uma notícia muito negativa para todos nós e para o país, porque as pessoas que faleceram não são recuperáveis e, portanto, isso é para nós uma notícia muito triste”, concluiu.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 41 mortos e 71 feridos, 55 dos quais ligeiros e 16 graves, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas. Uma pessoa está ainda desaparecida.

O Governo decretou três dias de luto nacional.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.

Nota: Por lapso a imagem que inicialmente ilustrava este artigo não correspondia a Eurico Brilhante Dias, tendo sido trocada às 9h50.