“A Europa tem de apostar fortemente em políticas que no fundo influenciem as causas remotas e isso passa pela política externa, de defesa mas também pela política comercial e política agrícola comum” disse Constância Urbano de Sousa nas Conferências do Estoril, no painel sobre a crise na Europa e as migrações.

Para a ministra da Administração Interna, a Europa tem “o dever jurídico, moral e civilizacional de proteger pessoas que carecem de proteção internacional”, sendo necessário um maior investimento em políticas de integração.

“O fenómeno migratório é transformador da sociedade e gera crises, tensões. Se quisermos preservar a paz e a coesão social temos de investir mais nas sociedades europeias na integração desses emigrantes na sociedade de acolhimento, prepará-la para algo que é inevitável na próxima década, que são fluxos migratórios”, acrescentou.

Na opinião da ministra portuguesa, a Europa tem de gerir fluxos migratórios em vez de reagir proativamente.

“Em vez de reagir proativamente, a Europa tem de gerir fluxos, algo inevitável por causa do seu declínio demográfico da situação crescente conflitos em todo o mundo”, frisou a ministra, lembrando que as causas da migração são sempre: miséria, desrespeito pelos direitos humanos, conflitos.

Constança Urbano de Sousa defende que para ultrapassar a crise migratória a Europa tem de internamente resolver as suas desigualdades, lembrando que o milhão de refugiados sírios que fugiram para a Europa está protegido apenas na Alemanha e na Suécia.

“A Europa tem de ter medidas equitativas de partilha da responsabilidade porque é comum a qualquer Estado civilizado oferecer proteção internacional a qualquer ser humano que dela necessite”, observou.

Concordando que os países europeus têm de proteger as suas fronteiras e têm de combater as redes de tráfico de seres humanos, a governante garantiu que nada, nem ninguém detém as pessoas que estão em fuga para salvar a sua vida, lembrando que nos últimos anos chegaram à Europa um milhão de refugiados.