"Em princípio vamos ter" uma reunião em Madrid, disse à Lusa André Ventura no final de uma arruada no Cacém, distrito de Lisboa.
O primeiro candidato da coligação Basta às eleições europeias de 26 de maio afirmou que nos próximos dias já terá "mais dados sobre isto, nomeadamente em termos de datas e organização”.
"Não sei se vai ser fácil, mas espero conseguir fazê-lo", disse o antigo autarca do PSD, vincando que "é uma ponte" que quer "muito fazer com o Vox espanhol" e que é necessário "aproveitar esta sinergia entre Portugal e Espanha".
Ventura acredita que também que, mesmo que o contacto entre as duas forças políticas demore algum tempo, ainda haverá tempo para fazerem campanha eleitoral conjunta, notando que "a ideia seria fazer uma ação cá e outra lá", em Espanha.
André Ventura ressalvou que "há uma grande intensidade de agenda" também da parte dos espanhóis, mas salientou que vai tentar "que esse encontro seja possível, porque se houver uma espécie de um Vox português", seria ele.
"Com diferenças muito significativas, mas em termos de movimento, de ideias, não há dúvidas que se houver algum Vox em Portugal será o Chega e [a coligação] Basta", considerou.
Essa reunião vai também ter na agenda a possível constituição de um novo grupo político no Parlamento Europeu.
"Nós estamos em contacto com várias forças internacionais, nomeadamente com o Vox e também com a Liga italiana, estamos a tentar fazer essas pontes", informou André Ventura, vincando que o objetivo "é que se consiga articular na Europa, em termos de estratégia europeia, um conjunto de grupos" que defendem o mesmo tipo de valores.
"Vamos ver se após as eleições europeias conseguimos ter um grupo que consiga, pelo menos, fazer a diferença no Parlamento Europeu, fazer mossa a este sistema", advogou, notando, porém, que "tudo está em aberto neste momento".
Por isso, notou, "há várias possibilidades em cima da mesa, com um grupo que já existe ou criar um novo a partir do zero", dado que Ventura diz que não vai integrar o Partido Popular Europeu porque "voltar ao mesmo não fazia sentido".
Questionado se o grupo agregará partidos de extrema-direita, o cabeça de lista da coligação Basta (que junta o PPM ao PPV/CDC, e conta com o apoio do Basta e do movimento democracia 21) recusou esta ideia, rejeitando, por exemplo, que a Liga se encontre neste espetro.
"Será que alguém defender a castração química de pedófilos é ser de extrema-direita?", questionou André Ventura, respondendo de seguida: "eu acho que não é".
Dezena e meia de dirigentes e apoiantes da coligação Basta participaram hoje numa arruada no Cacém, que durou cerca de uma hora, e onde a maioria das pessoas abordou André Ventura para lhe falar do Benfica.
"Tínhamos de vir à linha de Sintra, uma das zonas onde os problemas de criminalidade são maiores, uma das zonas onde os problemas de inclusão também são maiores, e onde as pessoas sentem o peso deste Estado ladrão que temos hoje", afirmou o cabeça de lista, defendendo que não é possível "fazer sempre campanha nos mesmos sítios, que são mais confortáveis".
"Temos que vir aos locais difíceis e este é, sem dúvida, um local difícil e é por isso que eu quis vir pessoalmente aqui", reforçou.
Sobre o facto de as pessoas o reconhecerem pelo espaço de comentário desportivo que tem num canal televisivo, André Ventura salientou que já "estava na televisão antes de ser candidato" e que "é natural" que as pessoas o conheçam desse trajeto.
"Eu tenho separado muito bem as duas coisas, uma coisa é o Benfica, outra coisa são as eleições", assinalou.
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