Com os cartões de cidadão e o comprovativo da inscrição para votar antecipadamente na mão, a fila de eleitores foi crescendo ao longo da tarde, em frente os Paços do Concelho da capital.
“Não vou estar cá no próximo fim de semana, vou estar longe da minha secção de voto”, explicou à agência Lusa Margarida Bragança, enquanto aguardava na fila que serpenteava pela Praça do Município, explicando que sem a possibilidade de votar antecipadamente “não teria hipótese” de participar nas eleições para o Parlamento Europeu.
Alguns segmentos da população já podiam votar antecipadamente, mas uma das novidades introduzidas neste ato eleitoral é o alargamento dessa possibilidade a todos os portugueses recenseados em território nacional, os quais não precisam de justificar o motivo.
“Achei simples, não tive nenhum problema a inscrever-me ‘online’, acho que o ‘timing’ é bom porque se for muito antecipadamente as pessoas também esquecem-se”, afirmou, enquanto ia dando pequenos passos à medida que a fila avançava.
À semelhança de Margarida Bragança, Marco Santos também não teria oportunidade votar em 26 de maio, porque “tinha de apanhar um avião e ir para o Funchal”.
O madeirense confessou que, apesar de não ser a primeira vez que solicita o voto antecipado, gosta “da parte da parte de não ter que requerer papelada”.
“Basta inscrever-me num ‘site’ e está feito”, vincou.
No entanto, há quem tenha possibilidade de votar no próximo domingo, mas prefira prevenir-se ou despachar o assunto.
É o caso de Afonso Nabo, que “teria de ir para Portalegre” para votar no dia 26, mas achou “mais vantajoso” votar hoje.
O estudante considerou que esta foi “uma excelente iniciativa”, uma vez que, há pessoas que “não tinham outra hipótese” e, no caso pessoal, “seria algo incómodo”.
A diminuição da abstenção também é vista como uma vantagem do voto antecipado em mobilidade.
“As pessoas já não têm tantas desculpas [para não votar], têm esta oportunidade e têm de aproveita”, afirmou Maria Moreira.
Margarida Bragança concordou, apesar de achar que ainda há espaço para melhorar, nomeadamente no alargamento dos locais de voto antecipado além das capitais de distrito.
“Sou de Cascais e vim até aqui. Se conseguirmos alargar isto a mais secções de voto, acho que é pode ser uma medida que também ajuda a combater [a abstenção]. Evita que a pessoa tenha de fazer deslocações melhores e talvez convença mais pessoas [a votar]”, sublinhou.
No entanto, Cecília Caeiro não considerou que a viagem até à capital de distrito fosse “uma condição tão importante”, porque “quem quer mesmo votar faz um pequeno esforço e desloca-se”.
“A abstenção é sempre algo que vai acontecendo, cada vez mais frequentemente, mas quem viveu antes do 25 de Abril [de 1974] não pode dispensar o voto”, contou à Lusa Cecília Caeiro.
Afonso Nabo vai mais longe e disse que é necessário repensar a forma como se atrai os eleitores, porque “não se sabe se o apelo ao voto tem sido eficaz”.
Apesar da grande adesão ao voto antecipado, a Lusa constatou no local que várias pessoas estavam insatisfeitas com o tempo de espera para chegar às urnas, que chegou a superar uma hora.
As críticas levaram, inclusive, algumas pessoas a abandonar as filas e a desistir, porque o tempo de espera dentro da Câmara Municipal de Lisboa - depois de os cidadãos serem encaminhados para as respetivas mesas de voto - chegava a ser superior à espera no exterior.
Os eleitores que desistiram – ou que não conseguiram comparecer nas urnas, apesar de se terem inscrito para votar antecipadamente – ainda podem votar no dia da eleição (26 de maio), “na assembleia ou secção de voto” onde estão recenseados, segundo a informação disponibilizada no ‘site’ da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Segundo o Ministério da Administração Interna, o número total de eleitores que solicitaram o voto antecipado em Portugal continental e nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores é de 19.562.
Lisboa é o distrito com mais pedidos de voto antecipado em mobilidade (8.851), seguido pelo Porto (3.014) e Coimbra (1.114).
O distrito em Portugal continental onde menos pessoas solicitaram o voto antecipado foi Bragança, com 97 pedidos.
Em relação às regiões autónomas, a ilha da Madeira foi a que registou mais pedidos de votação antecipada (515), seguida pela ilha de São Miguel (316), nos Açores.
A ilha do Corvo, também no arquipélago dos Açores, foi a que registou menos pedidos, apenas quatro.
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