Num debate de cerca de hora e meia, promovido pelo ISCTE e transmitido pela TSF, em que o outro tema principal foi o das alterações climáticas, o eurodeputado e concorrente pelo Partido Democrático Republicano (PDR), Marinho e Pinto, foi o único dos presentes a defender claramente forças armadas conjuntas na União Europeia (UE).
Os representantes de PSD, Paulo Rangel, e do CDS-PP, Nuno Melo, preferiram a atual situação, de papel relevante da Aliança Atlântica na defesa da Europa, enquanto o comunista João Ferreira e a bloquista Marisa Matias rejeitaram quer o exército único, quer qualquer escalada militarista, assim como a presença tutelar da NATO.
A propósito das relações transatlânticas, Marinho e Pinto afirmou que "os Estados Unidos já deram sinais de que não vão ser, no futuro, aquilo que foram no passado", identificando uma "hostilidade recíproca" quando "a Europa tem de ter uma relação equilibrada com a América".
"Defendemos forças armadas europeias. A Europa, com 28 exércitos, gasta mais do que a Rússia e tem uma capacidade militar inferior. Ficava mais barato e tínhamos garantia de controlo político mais democrático. Só quem tiver capacidade para a autodefesa dissuade quem o ataca", disse.
O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel declarou que "os Estados Unidos são e devem ser o parceiro preferencial da Europa no quadro global", embora reconhecendo como negativa a eleição do presidente Donald Trump por criar desconfiança e tensão, e sublinhou a importância da questão comercial.
"Na questão da defesa, discordo de Marinho e Pinto. A NATO deve ser o pilar da defesa europeia. Portugal é um país atlântico e não tem qualquer interesse num exército europeu baseado no eixo franco-alemão. Sou totalmente contra a ideia de um exército único", disse, lamentando ainda que o seu adversário socialista, "sobre a questão da segurança e defesa, não tivesse "nada a dizer", pois "é importante que diga se é a favor ou não do exército europeu".
Antes, o cabeça de lista do PS, Pedro Marques, evitou os temas bélicos por se tratar do Dia da Europa, que deve comemorar a paz no continente, e preferiu concentrar-se nas relações transatlânticas.
"Este isolacionismo desta presidência norte-americana coloca vários desafios à Europa", afirmou, criticando a tentativa de Trump de "corrigir acordos de comércio externo". Pedro Marques defendeu que não se deve "responder com um fechamento dentro do continente europeu" porque "a Europa corre o risco de ser menos importante do ponto de vista geoestratégico".
A bloquista Marisa Matias descreveu um mundo em que se assiste a "um retrocesso dos valores democráticos (com as eleições de Trump e Bolsonaro no Brasil ou a crise na Venezuela)".
"Infelizmente, a UE tem privilegiado a vertente comercial nas relações transatlânticas em vez de verdadeira cooperação. Não há resposta mais errada (do que a criação de um exército comum). A UE não precisa de mais investimento para alimentar a indústria militar alemã", disse.
O eurodeputado do CDS-PP, Nuno Melo, ripostou com a acusação de que o BE em tempos já tentou o desarmamento dos polícias em iniciativa legislativa no parlamento português, algo que a sua adversária negou, tendo este sido o momento de maior tensão no debate.
"O BE não percebe que os exércitos existem, não para fazer a guerra necessariamente, existem para assegurar a paz. As democracias tem de investir nos exércitos. Não sou favorável a um exercito único europeu. Se temos paz, devemo-la a NATO", afirmou o democrata-cristão.
O candidato da CDU João Ferreira criticou intervenções recentes ofensivas da NATO nas imediações da Europa e recusou uma "Europa dos exércitos, do militarismo e da guerra".
"No momento em que a Europa tem um quinto da população em risco de pobreza, estamos a falar de exércitos e desenvolvimento de capacidades militares", lastimou.
Comentários