Augusto Santos Silva falava a meio da sessão de discursos do jantar comício de Matosinhos, que será encerrada pelo secretário-geral do PS, António Costa, no qual esteve presente o eurodeputado Francisco Assis, "número um" dos socialistas nas eleições europeias de 2014, embora não tenha sido convidado para falar.

Na sua breve intervenção, o ministro dos Negócios Estrangeiros procurou sobretudo traçar linhas de demarcação em termos de projeto político em relação às forças à direita e à esquerda do PS.

Depois de críticas ao neoliberalismo, ao conservadorismo e à lógica do "pensamento único", ao qual associou o anterior executivo, Augusto Santos Silva defendeu que o voto do PS "é o certo por representar a moderação".

"É o voto no exemplo do nosso Governo que pôs em prática uma nova política, virou a página da austeridade, repôs salários e pensões, descongelou as carreiras, aumentou o abono de família e reduziu o desemprego, sem nunca pôr em causa as regras europeias, sem nunca pôr em causa a nossa pertença à zona euro", disse, antes de se dirigir aos setores à esquerda do PS.

"Connosco ninguém cometeu a imprudência de dizer 'não pagamos a dívida', ou 'queremos sair do euro', ou 'queremos pôr em causa a União Europeia'. O voto no PS é o voto não só daqueles que querem a Europa, como também daqueles que percebem que políticas moderadas, políticas orçamentais rigorosas e políticas sociais progressistas são possíveis na União Europeia", acentuou.

O ministro dos Negócios Estrangeiro reiterou também a posição do secretário-geral do PS, António Costa, de que os socialistas devem "liderar a frente progressista europeísta" contra a extrema-direita, mas introduziu a observação de que, no Parlamento Europeu, por vezes, os dois extremos votam da mesma maneira.

"A extrema-direita não se combate com extremismo. Nenhum eurodeputado do PS juntará o seu sentido de voto ao da extrema-direita", assegurou, antes de criticar as lógicas "de aventureirismo" à esquerda dos socialistas.

"Não queremos que regressem os tempos da direita que defendeu ir além da 'troika', mas também temos de dizer não aos aventureirismos, não à imprudência, não aos radicalismos e não aos extremismos", acrescentou.