“Era uma decisão política, sempre o dissemos. Tendo havido essa decisão política nós estaríamos sempre preparados para os dois cenários. Neste caso, do ponto de vista ético e deontológico, não é preciso acautelarmos nada. Continua tudo na mesma e, portanto, é a decisão da Assembleia a quem competia decidir sobre esta questão”, disse a bastonária à agência Lusa.
Segundo Ana Rita Cavaco o foco deverá ser aquilo que o país tem “para oferecer às pessoas” e que considera ser pouco.
“Para além deste debate e destas decisões, é preciso, também, não desfocarmos daquilo que temos de oferecer às pessoas, em termos de dignidade e conforto, no final da sua vida e que são os cuidados paliativos”, afirmou a bastonária, acrescentando que “infelizmente, ainda é muito pouco”.
Ana Rita Cavaco alertou, ainda, para a incapacidade de se encaminhar os doentes para os cuidados paliativos e para a atual falta de enfermeiros nas unidades que existem, que, referiu, “não dão dignidade a ninguém”.
“O que não pode acontecer é que neste momento 90% das pessoas não chegam aos cuidados paliativos. Da parte do regulador da Ordem fizemos o que nos competia que era, por exemplo, criar esta área de especialidade, que era uma área que não existia. Havendo muito poucas unidades, ainda, de cuidados paliativos aquelas que existem também não podem ter os enfermeiros que têm. Deparamo-nos com situações de um enfermeiro para 40 pessoas e isso também não dá dignidade a ninguém”, afirmou.
A Assembleia da República chumbou hoje os projetos-lei do PAN, BE, PS e PEV para a despenalização da eutanásia.
O projeto do PAN teve 116 votos contra, 107 votos a favor e 11 abstenções. O diploma do PS recebeu 115 votos contra, 110 votos a favor e quatro abstenções.
O projeto do BE recebeu 117 votos contra, 104 a favor e oito abstenções. O diploma do PEV teve 117 votos contra, 104 votos favoráveis e oito abstenções.
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