“Se ele estiver na dúvida entre o CDS e o PCP, mais vale que vote no PCP”, afirmou aos jornalistas Pedro Nuno Santos, no 22.º Congresso do PS, na Batalha, distrito de Leiria.
PCP e CDS-PP foram os dois únicos partidos a anunciar o voto contra aos projetos de lei para despenalizar e regular a morte medicamente assistida em Portugal, que vão ser debatidos e votados, na generalidade, na terça-feira, na Assembleia da República.
Na sexta-feira, o antigo Presidente da República Cavaco Silva considerou a legalização da eutanásia “a decisão mais grave” para a sociedade portuguesa que o parlamento pode tomar, apelando a que nas próximas eleições não se vote nos partidos que forem favoráveis.
Em declarações à Rádio Renascença, Cavaco Silva explicou que, na sua opinião, está “em causa a defesa e a dignidade da vida humana” e, por isso, entendeu que “devia fazer uso das duas armas” que lhe restam como cidadão: a sua voz e o seu direito de voto nas próximas eleições legislativas.
“Considero a legalização da eutanásia a decisão mais grave para a sociedade portuguesa que a Assembleia da República pode tomar”, criticou Cavaco Silva.
Pedro Nuno Santos, que é também secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, afirmou que o antigo Presidente da República “tem direito à opinião pessoal e é isso apenas, a sua opinião pessoal, que deve ser obviamente respeitada e tida em consideração”.
“Ninguém tem que estar preso a uma vida que não quer, portanto é uma matéria muita delicada que exige de todos nós grande respeito e compreensão para quem passa e vive uma situação de grande dificuldade como essa”, considerou o dirigente socialista, acrescentando: “É matéria obviamente muito delicada, que exige muito debate, mas que a mim pelo menos não me passaria pela cabeça decidir pelos outros”.
Pedro Nuno Santos frisou que “quem defende a eutanásia não está a impor nada a ninguém, está a dar o direito a que as pessoas livremente possam decidir”.
Questionado sobre o pedido da líder do CDS-PP, Assunção Cristas, para o adiamento da votação, o socialista afirmou que “há um agendamento feito" e que os deputados estão "na plenitude dos seus poderes”, notando que “há muita matéria que não é antecipável nos programas” eleitorais e que vai “surgindo ao longo do mandato”.
Destacando que esta é uma “matéria civilizacional” e que é normal haver um confronto de “mundividências diferentes”, Pedro Nuno Santos acrescentou que o país tem uma democracia “e numa democracia manda a maioria”.
Comentários