Em audição na comissão parlamentar de inquérito às rendas excessivas no setor elétrico, Tiago Andrade Sousa foi desafiado a comentar a afirmação do então ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, de que se abriram garrafas de champanhe na EDP para comemorar a saída de Henrique Gomes do Governo, em 2012, após nove meses no cargo.

"Se calhar foi uma abertura que passado pouco tempo se arrependeram de ter alegadamente feito. Porque se essa expressão corresponde à verdade, julgo que todo o processo que se seguiu liderado por Artur Trindade demonstra que essas garrafas tiveram que ir logo para o frigorífico", afirmou Tiago Andrade Sousa, em resposta ao deputado socialista André Pinotes.

Para o então chefe de gabinete de Henrique Gomes "não havia razões para grandes festejos", porque o trabalho de cortes continuou pela mão de Artur Trindade e "acabou por dar frutos".

"O Governo e o secretário de Estado não esmoreceram, reiteraram essa política", declarou, adiantando que teve muito orgulho em trabalhar com o engenheiro Henrique Gomes, como mais tarde teve muito orgulho em trabalhar com Artur Trindade.

Tiago Andrade Sousa, que desde 2015 é administrador da REN Trading, foi chefe de gabinete de Henrique Gomes entre 2011 e 2012 e depois manteve as funções o seu sucessor Artur Trindade.

Questionado pelo deputado do CDS-PP Hélder Amaral sobre a existência de rendas excessivas no setor energético, o ex-chefe de gabinete recusou fazer cálculos, por não ser especialista, e recordou que, quando assumiu funções, em meados de 2011, ouviu, pela primeira vez, a expressão 'rendas excessivas'.

"Quando entro em meados de 2011, o engenheiro Henrique Gomes já estava em funções e foi a primeira vez que ouvi falar em rendas excessivas e acho que até foi em inglês – 'excessive rents' – no âmbito do memorando de entendimento com a 'troika'", lançou, referindo que o governante estava então muito preocupado com uma pré-proposta tarifária do regulador para o ano de 2012, um aumento de 14%.

Antes, entre setembro de 2004 e fevereiro de 2005, Tiago Andrade Sousa assessorou Manuel Lencastre, secretário de Estado do Desenvolvimento Económico, período em que, referiu, acompanhou "processos respeitantes a recursos geológicos".