Robert Telles, ex-administrador do condado de Clark, em Las Vegas, foi declarado culpado no estado de Nevada pelo assassinato de Jeff German, um jornalista veterano do Las Vegas Review-Journal que foi esfaqueado várias vezes em frente à sua residência em setembro de 2022.
Após 12 horas de deliberação, um júri composto por 12 cidadãos concluiu de maneira unânime que Telles, detido desde 2022, era "culpado", e que "o assassinato foi voluntário, deliberado e premeditado". Telles, de 47 anos, ouviu o veredito olhando para o chão e abanando a cabeça, em negação.
"Justiça foi feita", disse Steve Wolfson, procurador do condado de Clark. "O veredito de hoje deve enviar uma mensagem clara: que nenhuma tentativa de silenciar a imprensa, ou de silenciar ou intimidar um jornalista, será tolerada", acrescentou, em conferência de imprensa.
Após a decisão, o júri deliberou sobre a sentença e decidiu pela prisão perpétua com um mínimo de 20 anos de serviço para poder optar por liberdade condicional.
O Las Vegas Review-Journal publicou no seu site os artigos assinados por German, assassinado aos 69 anos. "O júri do condado de Clark fez justiça por Jeff German", disse o editor executivo do jornal, Glenn Cook, num comunicado divulgado esta quarta-feira. "As suas reportagens responsabilizaram um funcionário público pela sua má conduta e permitiram aos eleitores escolher outro para aquele cargo", destacou.
Advogado de formação, Telles afirmou ser vítima de conspiração, enquanto a sua defesa questionou a investigação. A procuradoria local apresentou provas, como um vídeo de câmeras de segurança do dia do crime, que mostra um homem vestindo um casaco laranja, chapéu e ténis no bairro de German. As imagens também mostram o homem a conduzir uma camioneta que, segundo a investigação, pertencia ao político.
"Ele assassinou-o porque as reportagens de Jeff destruíram a sua carreira, a sua reputação, provavelmente ameaçaram o seu casamento e expuseram coisas que ele admitiu não querer que se tornassem públicas", disse o procurador Christopher Hamner na sua argumentação final, na segunda-feira.
A investigação de German citava queixas contra Telles por intimidação, favoritismo e outras irregularidades num escritório do governo local que gere propriedades de pessoas que morrem sem deixar testamento.
Desde 1992, um total de 14 jornalistas foram assassinados nos Estados Unidos, segundo o Comité para a Proteção de Jornalistas.
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