A Procuradoria-Geral da República (PGR) revelou hoje que estão em curso mais de 30 buscas em estabelecimentos oficiais relacionados com a saúde, incluindo o Ministério e o INEM, e outras em território suíço, numa investigação ao negócio do plasma.
De acordo com uma nota da PGR, as buscas domiciliárias e não domiciliárias em Portugal decorrem na área da Grande Lisboa e do grande Porto. Além dos estabelecimentos oficiais ligados à área da saúde, duas das buscas realizam-se em escritórios e locais de trabalho de advogados.
No decurso destas diligências foi, igualmente, efetuada uma detenção, que uma fonte ligada ao processo confirmou ter sido Cunha Ribeiro, ex-presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.
Em causa está o favorecimento de empresas em contratos com o Estado na área da Saúde. Negócios terão lesado o Estado em 100 milhões de euros.
Luís Cunha Ribeiro foi presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e, mais recentemente, da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo.
A investigação do caso, conhecido com "máfia do sangue", decorre há mais de um ano. Os factos em investigação ocorreram entre 1999 e 2015.
"No inquérito investigam-se suspeitas de obtenção, por parte de uma empresa de produtos farmacêuticos, de uma posição de monopólio no fornecimento de plasma humano inativado e de uma posição de domínio no fornecimento de hemoderivados a diversas instituições e serviços que integram o Serviço Nacional de Saúde (SNS)", refere a nota da PGR.
Para o efeito - explica - "um representante da referida empresa de produtos farmacêuticos e um funcionário com relevantes funções no âmbito de procedimentos concursais públicos nesta área da saúde terão acordado entre si que este último utilizaria as suas funções e influência para beneficiar indevidamente a empresa do primeiro".
De acordo com a informação da PGR, os suspeitos terão obtido vantagens económicas que procuraram ocultar, em determinadas ocasiões com a ajuda de terceiros.
Em causa estão factos suscetíveis de integrarem a prática de crimes de corrupção ativa e passiva, recebimento indevido de vantagem e branqueamento de capitais.
Detalha o Correio da Manhã que Cunha Ribeiro "entregou à farmacêutica Octapharma o monopólio do negócio milionário da venda do plasma sanguíneo aos hospitais públicos portugueses" e "passou os últimos 16 anos a beneficiar dessa e de outras decisões".
Segundo a PGR, participam na operação três juízes de instrução criminal, oito magistrados do Ministério Público, oito dezenas de elementos da Polícia Judiciária (PJ), seis peritos da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística da PJ e nove peritos da Unidade de Tecnologia e Informação da PJ.
Nesta investigação, o Ministério Público é coadjuvado pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ.
Nesta investigação, o Ministério Público é coadjuvado pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ.
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