A decisão do tribunal de libertar Carlos Ghosn não agradou ao Ministério Público local que considerou “lamentável” que o juiz tenha permitido a saída do antigo presidente da Nissan, apesar do risco de perturbação e destruição de provas.
A decisão de libertar Ghosn mediante caução é passível de recurso.
Ghosn foi detido em novembro de 2018, libertado sob fiança em março e novamente detido em abril, após nova acusação: as autoridades japonesas suspeitam que cometeu um crime de abuso de confiança agravado contra a Nissan, desviando parte de uma transferência da empresa para um distribuidor de Omã (Jordânia), para seu uso pessoal, causando perdas de cerca de 4,4 milhões de euros ao fabricante nipónico.
O ex-CEO da Renault-Nissan saiu da prisão em passo firme, rodeado de guardas, vestindo fato sem gravata e enfrentando os flashes dos fotógrafos antes de entrar num veículo preto, indicou a agência noticiosa AFP no local.
A imagem de hoje contrasta com a da sua primeira libertação sob fiança em 06 de março. Nessa altura, apareceu disfarçado, usando um boné azul, um uniforme de trabalhador, óculos e uma máscara de proteção branca, numa aparente tentativa de ocultar a sua identidade dos jornalistas.
O ex-magnata do ramo automóvel, de 65 anos, que havia regressado ao centro de detenção de Kosuge (norte de Tóquio) no início de abril, teve de pagar, desta vez, uma caução de 500 milhões de ienes (mais de quatro milhões de euros).
Carlos Ghosn já havia pago uma fiança milionária — mil milhões de ienes – pelo direito de sair da prisão em 06 de março, onde passou 108 dias na sequência de uma investigação inicial por alegadas práticas ilegais.
O ex-chefe da Nissan está agora em liberdade, mas sujeito a condições restritas: “prisão domiciliária, proibição de deixar o Japão e outras condições para impedir a destruição de provas e fuga”, revelou o tribunal.
“Acima de tudo, ele só tem o direito de ver a esposa apenas se o tribunal aprovar o pedido”, explicou o seu advogado, Junichiro Hironaka, à imprensa.
Antes desta investigação, Ghosn já tinha sido acusado de falsificar documentos financeiros e de não declarar todos os seus rendimentos.
No início de abril, Ghosn acusou os executivos do fabricante japonês de conluio contra ele “por medo que a empresa perdesse autonomia” durante o processo de integração com a francesa Renault, que detém 43% da Nissan.
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