O avião em que viajou o ex-governante aterrou hoje de manhã no Aeroporto Internacional Igor Sikorsky, na capital ucraniana, Kiev, vindo de Varsóvia, Polónia.
Poroshenko, que deixou a Ucrânia há um mês, passou pelo controlo de passaportes, acusando os guardas de fronteira de terem tentado impedi-lo de entrar no país.
Depois de um breve discurso para os vários milhares de apoiantes que o esperavam em frente ao aeroporto, o ex-chefe de Estado, principal opositor do atual Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, dirigiu-se ao tribunal de Kiev, instância que irá decidir se o coloca em prisão preventiva.
“O poder está confuso e fraco. Em vez de lutar contra (o Presidente russo, Vladimir) Putin, está a tentar lutar contra nós”, afirmou o ex-Presidente aos cerca de mil apoiantes, que se concentraram junto ao tribunal a gritar pelo seu nome.
Acompanhado no tribunal pelos seus advogados e por vários deputados, Petro Poroshenko também acusou as autoridades de fazerem negócios com Moscovo com os seus processos judiciais.
“O inimigo está à nossa porta” e “quer derrotar-nos destruindo o nosso país, semeando o conflito”, declarou.
O regresso de Poroshenko à Ucrânia lembra o do opositor do Kremlin (Presidência russa) Alexei Navalny à Rússia, exatamente há um ano, altura em que o ativista foi detido.
Navalny, de 45 anos, considerado o principal líder da oposição russa, foi de seguida condenado a dois anos e meio de prisão por um caso de “fraudes”, que denunciou como uma manobra política.
Poroshenko, de 56 anos, acusa o seu sucessor, Volodymyr Zelensky, de ordenar a sua perseguição e acusação como forma de “distrair a atenção” dos problemas reais do país.
Um dos homens mais ricos da Ucrânia, o ex-Presidente ucraniano é o principal rival do atual Presidente.
As autoridades suspeitam que ele tenha mantido, durante a sua Presidência, ligações comerciais com separatistas pró-russos no leste ucraniano, o que poderá constituir um ato de “alta traição”.
O regresso de Petro Poroshenko acontece num momento em que a Ucrânia teme uma invasão da “vizinha” Rússia, que há meses concentra tropas e veículos blindados nas suas fronteiras.
Moscovo nega qualquer plano de uma ofensiva militar, mas exige, sob pena de represálias, que os norte-americanos e europeus se comprometam a nunca aceitar a Ucrânia na Aliança Atlântica (NATO).
Poroshenko, cuja fortuna é estimada em cerca de 1,4 mil milhões de euros pela revista especializada Forbes, liderou o país entre 2014 e 2019, antes de ser derrotado por Zelensky, um ex-comediante acabado de se estrear no mundo da política.
Agora deputado, o ex-Presidente já foi citado em dezenas de processos judiciais e, em dezembro passado, as autoridades anunciaram que estavam a analisar a possibilidade de o acusar de “alta traição”.
No domingo, Poroshenko justificou o seu regresso à Ucrânia com a necessidade de combater as acusações de traição e disse acreditar que essa luta vai ajudar na defesa da unidade nacional.
“Voltarei à Ucrânia para lutar pela Ucrânia”, disse Poroshenko, em conferência de imprensa, acrescentando que considera que as acusações têm “motivação política” e mostrando-se otimista ao afirmar que “definitivamente não” considerava poder ser preso no seu regresso a casa.
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