Segundo o ministro, caso se venha a confirmar que houve uma fuga de informação, "o ministério agirá civil, disciplinar e criminalmente contra o seu autor ou autores”.

"Se alguém saiu beneficiado por essa fuga de informação, de forma comprovada, obviamente que sofrerá as consequências que estão inscritas nos regulamentos", declarou aos jornalistas, à margem de uma sessão de entrega de prémios do concurso “Conta-nos uma história!”, a decorrer hoje na Maia, distrito do Porto.

O ministro disse mesmo que “não está em cima da mesa, nem esteve e nem foi equacionada, a possível anulação da prova”.

Para Tiago Brandão Rodrigues, “face a uma denúncia que existiu, fez-se o que devia ser feito, o que tinha que ser feito” e o Ministério da Educação não irá intervir na investigação que decorre relativamente a uma alegada fuga de informação sobre os conteúdos da prova.

“Esta é uma questão que não pode nem deve merecer posições facilitistas ou posições precipitadas”, disse, acrescentando ser, neste momento, importante “transmitir aos alunos que têm que, com serenidade e tranquilidade, continuar a sua época de exames”.

A eventual fuga de informação do exame nacional de Português “deu origem a um inquérito” e “o mesmo encontra-se em investigação no DIAP de Lisboa”, informou a Procuradoria-Geral da República (PGR) no passado dia 23 de junho.

“Confirma-se a receção da participação do IAVE [Instituto de Avaliação Educativa], a qual deu origem a um inquérito. O mesmo encontra-se em investigação no DIAP de Lisboa [Departamento de Investigação e Ação Penal]”, disse a PGR em resposta à Lusa.

O jornal Expresso teve acesso a um áudio que circulou nas redes sociais alguns dias antes do exame nacional e que revelava o que ia sair na prova e que se confirmou. Segundo o áudio, a fuga partiu da "presidente de um sindicato de professores".

Na gravação, feita por uma aluna que não se identifica, pode ouvir-se a estudante a dizer: "Ó malta, falei com uma amiga minha cuja explicadora é presidente do sindicato de professores, uma comuna, e diz que ela precisa mesmo, mesmo, mesmo só de estudar Alberto Caeiro e contos e poesia do século XX. Ela sabe todos os anos o que sai e este ano inclusive".

"Pediu para ela treinar também uma composição sobre a importância da memória e outra sobre a importância dos vizinhos no combate à solidão", acrescenta a aluna na gravação.

Segundo o Expresso, a situação foi denunciada ao Ministério da Educação por Miguel Bagorro, professor na Escola Secundária Luísa de Gusmão, em Lisboa, que teve conhecimento da gravação no sábado, através de um aluno a quem dava explicações de Português.

(Notícia atualizada ao 12h31)