Horas depois, o Exército ordenou a evacuação de várias áreas do sul da Faixa de Gaza, de onde centenas de milhares de palestiniano já tinham fugido dos combates em maio.
Muitos moradores deixaram as localidades de Al Qarara, Bani Suheila e outras cidades no leste de Khan Yunis e Rafah, após receberem ordens de evacuação, relataram testemunhas à AFP.
As Brigadas Al Quds, braço armado da Jihad Islâmica, reivindicaram nesta segunda-feira o lançamento de uma série de foguetes em direção a Israel "em resposta aos crimes do inimigo sionista contra nosso povo palestiniano".
O Exército israelita relatou ter detetado cerca de "20 projéteis provenientes da região de Khan Yunis", em Gaza, e afirmou que alguns foram interceptados.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou no domingo que as suas tropas estavam a travar "uma dura batalha" na Faixa de Gaza, devastada pela guerra que começou após o ataque sem precedentes do Hamas a 7 de outubro ao sul de Israel.
Após lançar uma ofensiva terrestre de retaliação no norte da Faixa, o Exército israelita avançou progressivamente para o sul, ordenando a evacuação das áreas que atacava.
As tropas israelitas iniciaram em 7 de maio uma operação terrestre em Rafah, no sul, na fronteira com o Egito, com o objetivo de combater o que consideram ser o último grande reduto do Hamas, uma ofensiva que desencadeou um êxodo de um milhão de palestinianos.
Nas últimas semanas, porém, os combates intensificaram-se em várias regiões as quais Israel afirmava já ter sob controlo, especialmente no norte, enquanto a ofensiva terrestre continua em Rafah. O Exército israelita lançou uma operação militar há cinco dias no bairro de Shujaiya, na zona leste da Cidade de Gaza, onde os combates se intensificaram nesta segunda-feira.
O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) estima que entre 60.000 e 80.000 pessoas fugiram do leste e nordeste da Cidade de Gaza desde que os militares israelitas emitiram uma ordem de evacuação na quinta-feira.
Várias testemunhas relataram bombardeamentos em Rafah e no campo de refugiados de Nuseirat, no centro. O Exército israelita anunciou nesta segunda-feira a morte de um soldado no sul da Faixa, elevando para 317 o número de militares mortos desde o início das operações israelitas no território palestiniano.
Israel libertou nesta segunda-feira dezenas de prisioneiros palestinianos, incluindo o diretor do hospital Al Shifa da Cidade de Gaza, Mohamed Abu Salmiya, detido em novembro, e estes regressaram ao território palestiniano.
Salmiya relatou ter sido submetido a "graves torturas" durante a sua detenção e afirmou que "muitos prisioneiros morreram nos centros de interrogatório e foram privados de comida e medicamentos".
O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelitas.
O Exército israelita calcula que 116 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, 42 das quais terão morrido.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já deixou pelo menos 37.900 mortos, a maioria civis, em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, que está no poder neste território desde 2007.
As negociações para chegar a um acordo de trégua estão paralisadas. Israel insiste em continuar a guerra até "aniquilar" o Hamas e libertar todos os reféns. O movimento islamista palestiniano exige um cessar-fogo permanente e a retirada das tropas israelitas de Gaza.
A guerra provocou um deslocamento em massa da população e uma catástrofe humanitária neste território palestiniano que está sitiado por Israel quase desde o início do conflito.
A ajuda humanitária chega a conta-gotas e os 2,4 milhões de habitantes de Gaza sobrevivem em condições que a ONU descreve como "desastrosas". Milhares de crianças sofrem com a desnutrição, afirma a Organização Mundial da Saúde (OMS).
No acampamento de deslocados de Deir al Balah, no centro do território, o farmacêutico Sami Hamid relatou um aumento de infecções de pele, como a sarna, e disse que há muitos casos de varicela e hepatite, que provavelmente estão ligados ao esgoto não tratado que corre ao lado das barracas.
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