Ao anunciar segunda-feira a reunião de doadores, a Presidência francesa sublinhou tratar-se de “voltar a socorrer o povo libanês”, depois de terem sido arrecadados 280 milhões de euros durante uma primeira conferência internacional, em agosto de 2020, realizada cinco dias após a explosão que matou mais de 200 pessoas e traumatizou o país.
“Enquanto a situação se agravou, as Nações Unidas avaliam em mais de 350 milhões de dólares [295 milhões de euros] as novas necessidades que terão de ser atendidas nas áreas da alimentação, educação, saúde e saneamento de água”, segundo o comunicado do Eliseu.
A escolha da data coincide com o primeiro aniversário da tragédia e, além de fazer um balanço da situação atual, visa aumentar a pressão para a formação de um governo libanês.
“A França, como a comunidade internacional, quer um governo capaz de aplicar reformas, de retomar negociações com o Fundo Monetário Internacional e de se preparar para as eleições do próximo ano. Um Executivo que faça o trabalho que se espera dele”, indicaram, na mesma altura, fontes da presidência francesa.
O Líbano, nas mãos de um governo interino há quase um ano, passou pela renúncia de dois líderes desde o verão passado devido à falta de consenso político: Mustafa Adib, que durou apenas um mês no cargo, e Saad Hariri, que se demitiu no passado dia 15 de julho após nove meses de desentendimentos com o Presidente libanês, Michel Aoun.
O novo primeiro-ministro designado, Najib Mikati, anunciou, também segunda-feira, que um novo governo só será formado depois do dia de hoje, mas sem avançar uma data precisa.
Sexta-feira passada, o bloqueio da situação levou os países da União Europeia (UE) a aprovaram o quadro jurídico que lhes permite sancionar pessoas ou entidades que considerem responsáveis por obstruir ou minar o processo político democrático.
Porém, a ajuda humanitária que venha a ser acordada nesta terceira conferência internacional é, segundo a França, incondicional, não estando sujeita à exigência de instauração de um novo executivo no país.
As prioridades são a alimentação, saúde, educação e a reconstrução, pretendendo também garantir que os mecanismos de distribuição da ajuda ofereçam a eficácia e transparência necessárias.
Na conferência de hoje participam cerca de 40 líderes políticos ou representantes de organismos internacionais, como o secretário-geral da ONU, António Guterres, ou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
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