“Façamos de 2017 um ano de paz”, instou o antigo primeiro-ministro português e ex-Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, na sua primeira mensagem como secretário-geral da ONU, intitulada “Apelo à paz".
Realçando que o compromisso para com a paz é de “hoje e todos os dias” e deve ser um “princípio orientador”, Guterres confessa que é, “sobretudo, uma pergunta” que “assalta a consciência” e diz que se interroga sobre “como ajudar os milhões de seres humanos vítimas de conflitos e que sofrem enormemente em guerras que parecem não ter fim?”.
Observando que na guerra “não há vencedores; todos perdem”, Guterres criticou o gasto de “biliões de dólares na destruição de sociedades e economias, alimentando ciclos de desconfiança e medo que podem perpetuar-se por gerações”.
O líder da maior organização do mundo nos próximos cinco anos lembrou a ameaça do terrorismo global e como “vastas regiões do planeta estão inteiramente desestabilizadas”.
Para o novo secretário-geral das Nações Unidas, ultrapassar as “divergências políticas” exige solidariedade, compaixão, diálogo e respeito.
“Façamos de 2017 um ano em que todos – cidadãos, governos, dirigentes – procurem superar as suas diferenças”, apelou António Guterres.
O português António Guterres assume hoje as funções de secretário-geral das Nações Unidas, com uma agenda ambiciosa, que inclui várias crises, desde o conflito na Síria aos fluxos migratórios, passando pelas alterações climáticas e pelo terrorismo.
Entre os principais compromissos a executar durante o mandato, de cinco anos, estão o Acordo de Paris sobre a redução das emissões de gases com efeito de estufa e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que determinam a agenda mundial para o período entre 2020 e 2030.
O antigo primeiro-ministro português e ex-Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados vai encontrar uma organização paralisada por excessiva burocracia e com a imagem beliscada por episódios de má conduta dos seus funcionários.
Desde que tomou posse formalmente, António Guterres já se encontrou com os líderes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido. E já disse que quer reunir-se, “logo que seja possível”, com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que toma posse em 20 de janeiro.
Em sete décadas de história, António Guterres, de 67 anos, é o primeiro antigo chefe de governo a liderar as Nações Unidas.
Na primeira declaração sobre a sua nomeação, Guterres usou as palavras “humildade” e “gratidão”. Quando recebeu o Prémio de Direitos Humanos 2016, no Parlamento, agradeceu “todo o apoio" de Portugal, "um dos fatores mais importantes para que candidatura triunfasse".
Guterres é, também, o nono homem à frente de uma organização que nunca foi liderada por uma mulher, o que levou dezenas de países e organizações da sociedade civil a reivindicarem uma escolha diferente, desta vez.
Jean Krasno, que liderou a campanha que tentou eleger uma mulher para o cargo, reuniu-se com António Guterres semanas depois da sua eleição pelo Conselho de Segurança. No final, disse que o português lhe pareceu "absolutamente convicto" sobre o compromisso com a paridade.
Guterres já indicou, entretanto, três mulheres para lugares de destaque na sua equipa: a nigeriana Amina Mohammed, para “número dois”, a diplomata brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti, para chefe de gabinete, e a sul-coreana Kyung-wha Kang, como assessora especial para a área da política.
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