Na passada quarta-feira, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, revelou que um total de 87 milhões de utilizadores da rede social foram eventualmente afetados, dos quais 2,7 milhões de cidadãos da UE, anunciou hoje a Comissão Europeia.
“O Facebook confirmou-nos que os dados pessoais de até 2,7 milhões de europeus, ou de pessoas a residir na União Europeia, para ser mais preciso, poderão ter sido transmitidos à Cambridge Analytica de maneira inapropriada”, indicou um porta-voz do executivo comunitário.
Christian Wigand apontou que a comunicação do Facebook, através de correio, surgiu em resposta a um pedido de esclarecimentos efetuado na semana passada pela Comissão Europeia, que havia solicitado à rede social que lhe transmitisse o mais rapidamente possível explicações sobre o escândalo relacionado com a empresa Cambridge Analytica.
O mesmo porta-voz acrescentou que o Facebook garantiu que já tomou as medidas necessárias para prevenir outros casos do género, mas que a Comissão vai “estudar em detalhe” a resposta da rede social e asseverou que o tema não está esgotado, estando mesmo prevista uma conversa telefónica na próxima semana entre a comissária europeia com a pasta da Justiça, Vera Jourova, e a “número 2” do Facebook, Sheryl Sandberg.
Na quarta-feira, numa conferência por telefone com vários órgãos da imprensa internacional, Mark Zuckerberg admitiu que os dados de 2,2 milhões de utilizadores “podem ter sido acedidos indevidamente”, naquela que foi a primeira confirmação oficial do Facebook sobre o escândalo do desvio de dados, depois da empresa de pesquisa Cambridge Analytica ter revelado, em março passado, que teve acesso a dados compilados pela empresa.
A rede social admitiu que a consultora Cambridge utilizou dados de 87 milhões de utilizadores da rede social para influenciar campanhas políticas em todo o mundo.
De acordo com uma fonte oficial da rede social norte-americana, a consultora pode ter acedido a dados de cerca de 63.080 utilizadores do Facebook em Portugal.
O Facebook vai desativar a ferramenta que permite aos utilizadores encontrar pessoas através de números de telefone ou endereços de correio eletrónico. Um recurso que permitia a “tipos sem escrúpulos” aceder a informações de perfis públicos, explicou Zuckerberg.
“Dada a escala e a sofisticação da atividade que vimos, acreditamos que a maioria dos utilizadores pode ter tido o perfil público ‘remexido’ dessa maneira”, disse.
Mark Zuckerberg garantiu que vai permanecer no comando da empresa e que "na vida é preciso aprender com os erros e descobrir o que se deve fazer para seguir em frente".
“Estamos a trabalhar no sentido de ampliar a nossa visão de nossa responsabilidade", concluiu.
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