“Algumas já existem e nem sequer funcionam bem”, disse à agência Lusa a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, ao comentar a entrevista ao Público do secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre.
“Os cuidados de saúde primários não têm de estar na dependência de um hospital. A população precisa de ter médicos de família e cuidados hospitalares quando são necessários”, referiu.
O secretário de Estado assumiu, na entrevista, que o objetivo é ter o país coberto por estas unidades a partir de janeiro, integrando os hospitais e os centros de saúde numa mesma instituição e direção, com financiamento definido em função do risco clínico. O modelo subdivide a população em três subgrupos: saudáveis, doentes crónicos e casos complexos.
“A entrevista do economista secretário de Estado não traz nada de novo para os médicos e para o Serviço Nacional de Saúde”, afirmou a dirigente sindical, para quem as propostas do Ministério da Saúde são “medidas economicistas”.
“Parece que nos vão tentar impor algo que não serve os médicos de família”, antecipou, referindo-se às Unidades de Saúde Familiar (USF).
De acordo com Joana Bordalo e Sá, falar num aumento salarial de 30% para os médicos “não é verdade”. O que está em cima da mesa, garantiu, é “um aumento médio de 1,6%”.
“A dedicação plena só vai servir alguns médicos”, explicou, criticando igualmente eventuais compensações através da atribuição de suplementos: “Os médicos querem um aumento no salário base”.
“Aumentar a jornada de trabalho para nove horas é algo de medieval”, criticou a médica, indicando que as propostas do Governo preveem também que os médicos passem a trabalhar ao sábado, dentro da atividade programada, no horário normal. “Dizem que há aumento de um suplemento, mas é com perda de direitos para os médicos e prejuízo para o serviço”.
O secretário de Estado garantiu, na entrevista ao diário, que o orçamento da saúde vai ser o maior de sempre no próximo ano. Este ano, nas contas apresentadas pelo governante, há 14 mil milhões de euros de despesa aprovada.
Segundo a FNAM, apenas foram executados 10% do OE da saúde este ano.
“Tem de haver fundos para pagar aos profissionais. Sem recursos humanos fixos não é possível termos um SNS em condições”, declarou, garantindo que os médicos vão continuar em luta.
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