“O projeto traduz-se num espaço partilhado que possibilita a participação a título gratuito de pequenas editoras e livrarias na feira do livro”, disse hoje o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.
A programação apresentada hoje inclui debates como “As revoluções imprescindíveis”, com Daniel Cohn-Bendit, um dos rostos do Maio de 68, que vai conversar com o historiador Rui Tavares, estando também confirmada a presença da escritora Leila Slimani, premiada com o Goncourt em 2016 por “Canção Doce” (editado em Portugal pela Alfaguara).
Em conferência de imprensa, Rui Moreira anunciou ainda outro projeto que visa a criação de “um pavilhão efémero de verão, cujo desenho arquitetónico será lançado a concurso, e que deverá servir como espaço de encontro e cultura antes, durante e após o período da feira do livro”.
“Se quiserem é uma espécie de pavilhão da Serpentine Gallery [galeria de arte contemporânea no centro de Londres], mas que servirá não por convite, mas por concurso, e que terá de permitir o uso para atividades culturais no decorrer da feira do livro”, afirmou Rui Moreira, referindo que se está já a trabalhar no projeto para que “seja materializado no próximo ano”.
Tal como tinha sido anunciado em março, o cantor e produtor portuense José Mário Branco, com 50 anos de carreira, foi a figura escolhida para homenagear na edição deste ano da Feira do Livro do Porto, onde vai ter o seu nome gravado numa placa na Avenida das Tílias, nos Jardins do Palácio de Cristal, à semelhança de figuras como Vasco Graça-Moura, Agustina Bessa-Luís, Mário Cláudio ou Sophia de Mello Breyner Andresen.
“As múltiplas conversas, apresentações, lições, sessões de cinema e performances de ‘spoken word’ percorrem assuntos particularmente próximos da obra de José Mário Banco – liberdade, amor e sublevação – e dos ideais de 68, cujos 50 anos também assinalamos de diferentes formas”, destacou Rui Moreira, salientando que a equipa de programação mantém-se com a Anabela Mota Ribeiro e José Eduardo Agualusa.
O conjunto de debates programados sobre memória e reinvenção literária, sobre sexo enquanto insurreição, sobre a construção de um romance e a construção de um escritor, irá juntar alguns nomes do universo literário em língua portuguesa como Mário de Carvalho, Mia Couto, Afonso Cruz e Bernardo Carvalho com autores mais jovens, nacionais e estrangeiros.
Utopia, Revolta, Amor e Melancolia, são os temas das sessões de ‘spoken-word’, cujo ponto de partida é a relação entre a palavra escrita e cantada e o modo como isso foi trabalhado por autores como Chico Buarque, Jacques Brel, Leonard Cohen, Bob Dylan ou Stevie Wonder, entre outros poetas e escritores.
Das exposições destacam-se a “Musonautas, Visões & Avarias 1960-2010 – 5 Décadas de Inquietação Musical no Porto” e a “Porto Sentido de Fora: Livros e Guias de Viagem de Portugal entre a Monarquia Constitucional e o Estado Novo (1820-1974)”.
A programação inclui também um ciclo de cinema, intitulado “Sejamos Realistas, exijamos o impossível (Alguns) gritos de rebelião no cinema”, e sessões especiais, uma das quais será a primeira sessão da nova temporada do ciclo “Porto de Encontro”, que contará com Luís Filipe Castro Mendes, poeta e ministro da Cultura.
Nesta edição, a Feira do Livro do Porto mantém a mesma dimensão e tipologia de oferta do ano anterior, com 134 participantes, distribuídos por 130 ‘stands’.
“Cremos ser esta a dimensão correta para este espaço, aumentá-la poderia desvirtuar a relação dos visitantes com o parque e a paisagem, que pretendemos que seja um elemento diferenciador na experiencia de visita a este projeto de cidade”, afirmou Rui Moreira.
De acordo com o autarca, “orçamento total é de 200 mil euros, idêntico à edição anterior, que se divide de forma paritária entre as despesas de logística e de programação”.
“Quanto aos 100 mil euros de logística, eles são integralmente cobertos pelos alugueres que iremos cobrar”, acrescentou.
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