“Num Governo de uma sociedade que se rege pelas regras da democracia era natural haver um democrata à frente de um ministério como o Ministério da Educação, mas, pelos vistos, não é o que acontece”, afirmou Mário Nogueira, que falava aos jornalistas à frente da Escola Secundária Avelar Brotero, em Coimbra.
Os professores e educadores de infância realizam hoje uma greve nacional para reivindicar diversas medidas, tais como poderem aposentar-se mais cedo ou recuperarem os anos de serviço congelado.
Mário Nogueira frisou que não espera que esta seja “a mãe de todas as greves”, mas uma forma de luta “indispensável para se poder colocar na sociedade o problema que se está a viver na educação”, referindo que o secretariado nacional da Fenprof irá posteriormente decidir o que fazer no 2.º período do ano letivo.
“Esperamos que o ministro da Educação consiga alterar a sua postura”, disse, salientando que a situação “não é um problema do Governo em relação aos professores” mas um problema específico do Ministério da Educação.
O ministro, “além de ser incapaz de resolver problemas, é incapaz de dialogar seja com quem for”, criticou.
Para Mário Nogueira, a greve tem como objetivo “quebrar o bloqueio negocial” com a tutela, que tem posto “um embargo à resolução dos problemas”, registando-se um “agravamento de velhos problemas” devido à pandemia de covid-19, como é o caso do envelhecimento do corpo docente, a falta de recursos financeiros e humanos das escolas ou falta de resposta a alunos com necessidades educativas especiais.
O dirigente sindical salientou que não há o distanciamento recomendado nas salas de aulas, registando-se também a falta de rastreio e uma “incoerência completa na realização de testes”.
“Mais de mil escolas já têm situações de contágio, mas como não há um rastreio acaba por se encobrir e diz-se que não são espaços privilegiados de contágio”, notou, defendendo ainda que os professores com mais de 50 anos sejam incluídos na segunda fase da campanha nacional de vacinação contra a covid-19.
A adesão à greve de hoje deverá ser elevada, segundo os resultados do inquérito divulgado esta semana pela Fenprof, que revelou que 88,3% dos inquiridos consideram que é preciso continuar a lutar.
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