“A Fenprof não conhece as causas da morte destes docentes, nem se está relacionada com a tremenda sobrecarga horária e de trabalho a que os docentes estão obrigados, mas estranha que estes casos tivessem surgido precisamente no momento do ano em que, comprovadamente, as situações de cansaço, desgaste, stress e ‘burnout’ mais se acentuam. Como tal, quer saber as causas destas mortes e apurar da eventual existência de responsabilidades pelas mesmas”, lê-se no comunicado hoje divulgado pela federação.

Os professores em causa davam aulas em Manteigas, Odivelas, Oliveira de Azeméis e Fundão e morreram, num dos casos, “em plena sala de aula” e nos outros “no exercício de atividade não letiva, relacionada com a avaliação dos alunos ou com a atividade da escola”.

“Assim, em exposição dirigida à procuradora-geral da República, Lucília Gago, e com conhecimento à coordenadora da equipa de investigadores/as da FCSH da UNL responsável pelo estudo sobre ‘burnout’ na profissão docente (Raquel Varela), ao presidente da FNAM (João Proença), ao bastonário da Ordem dos Médicos (Miguel Guimarães) e ao secretário de Estado da Educação (João Costa), a Fenprof expôs as razões por que decidiu solicitar a averiguação sobre a(s) causa(s) da mortes destes/as docentes em pleno desenvolvimento da sua atividade profissional”, adianta a Fenprof.

Em outubro do ano passado foi divulgado um estudo, pedido pela Fenprof à Universidade Nova de Lisboa, e que foi coordenado pela investigadora Raquel Varela, que dava conta de que 75% dos professores apresentavam um quadro de exaustão emocional e que milhares estavam preocupados com o consumo de substâncias como medicamentos, álcool e drogas.

Os investigadores concluíram que existia “uma fortíssima dependência entre consumos de álcool, drogas ou medicamentos com o índice de exaustão emocional nos professores”, segundo o relatório.

No ofício enviado à procuradoria-geral da República (PGR) a Fenprof, cita o estudo para associar os níveis de cansaço e exaustão emocional dos professores a “fatores como a sobrecarga horária e de trabalho que lhes é imposta, o envelhecimento ou a preocupação burocrática, entre outros, problemas para os quais a Fenprof tem vindo a alertar mas que, da parte do Ministério da Educação, não têm merecido a devida atenção, chegando, mesmo, a ser desvalorizados”.

“A Fenprof lembrou que são muitos os professores que, ao longo do ano letivo, se veem obrigados a entrar em situação de baixa, devidamente comprovada por atestado médico, por atingirem níveis de desgaste físico, psíquico e psicológico que os impedem de, pelo menos, temporariamente exercer a sua atividade profissional”, lê-se no comunicado.

A Fenprof anunciou na terça-feira, em conferência de imprensa no Porto, que iria remeter ao Ministério Público um pedido para que investigasse a causa da morte de três docentes, aqueles que tinham chegado ao conhecimento da federação até então.

Depois desse anúncio, a Fenprof recebeu o relato de mais um caso, que integra agora a lista enviada à PGR.