Em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, o dirigente da Fenprof Mário Nogueira afirmou que é tempo para que o Estado "deixe de ser a vaca em cujas tetas os patrões continuam a mamar", referindo-se às direções dos colégios privados com contratos de associação, que recebem dinheiro para colmatarem a falta de escolas públicas.

Quanto aos sindicatos, "nomeadamente a FNE [Federação Nacional da Educação", que acordaram o contrato coletivo com os patrões, representados na Confederação Nacional da Educação e Formação, Mário Nogueira, acusou-os de "trair os interesses" dos professores, os que representam e também os que não são seus associados.

O contrato coletivo em causa, que abrange também os professores do ensino artístico especializado e ensino profissional que dão aulas nos colégios particulares, prevê aumentos da carga horária, menos remuneração e carreiras mais extensas, o que tem "implicações óbvias" para os alunos por causa do "desgaste dos professores, que existe e é reconhecido".

"As organizações que estão alegadamente em representação dos professores, se o estivessem, não podiam, sem perguntar aos professores, assinar e aceitar estas regras", afirmou.

Acrescentou que os professores que assinarem este contrato coletivo se comprometem com o pagamento de 0,5 por cento do seu salário para as organizações sindicais que o acordaram com os patrões, uma "relação nada transparente" que a Fenprof critica.

No limite, pode levar a que "uma organização combine com a entidade patronal assinar um contrato muito penalizador, que serve à entidade patronal para pagar menos e serve a quem trai as pessoas, porque passa a ser financiado até por quem não é seu associado.

"Esperamos que o Ministério da Educação ponha mão na vergonha que se passa no Ensino Particular e Cooperativo. Não pode ser o Estado a pagar e depois dizer que não tem mais nada a ver. Os colégios têm que deixar de querer ser públicos para sacar dinheiro ao Estado mas depois dizer que não são públicos no que toca aos salários e aos horários", afirmou.

A Fenprof está a dizer aos professores dos sindicatos seus associados que não são obrigados a assinar os contratos coletivos, a que não estão vinculados.

Recomenda ainda "que reclamem" quando lhes são atribuídos horários com quase mais quatro horas por semana, afirmando que com professores a trabalharem mais horas por semana, as direções dos colégios podem despedir mais pessoas.

A Fenprof vai lançar uma petição a nível nacional, dirigida quer a professores quer a pais, para levar o assunto a discussão na Assembleia da República.

Os sindicalistas foram hoje à porta do Ministério queixar-se da tutela, que "há mais de seis meses" adia a discussão sobre os contratos e, ao contrário do que a Fenprof queria, marcou a reunião só para 03 de novembro, quando a organização tinha lançado um ultimato para não passar desta semana.

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